Fed agiu certo ao deixar Lehman afundar, dizem jornais dos EUA

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Os principais jornais americanos foram praticamente unânimes em dizer nesta terça-feira - um dia depois da queda das bolsas no mundo inteiro - que o Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, fez bem em não intervir na crise provocada pelo pedido de concordata do banco de investimentos Lehman Brothers. "É estranhamente tranqüilizador que o Departamento do Tesouro e o Federal Reserve tenham deixado o Lehman Brothers fracassar, deixado de subsidiar a embaraçosa venda do Merrill Lynch para o Bank of América e ter tentado alinhar empréstimos para o American International Group, a seguradora em dificuldades, em vez de eles mesmos fazerem o empréstimo", afirma o New York Times em editorial. "Em vez disso, os estonteantes eventos em Wall Street sugerem que o sistema pode estar forte o suficiente para absorver a quebra do Lehman e do Merrill", diz o jornal, que alerta, entretanto, que "o caos no AIG parecer mais difícil de engolir." 'Washington Post' Para o "Washington Post", a queda do Lehman Brothers e as dificuldades enfrentadas pela seguradora AIG trazem novas incertezas e perigos para um sistema financeiro global já cambaleante. "Mas o governo americano estava certo ao deixar o Lehman afundar", afirma o editorial publicado nesta terça. O jornal afirma que apesar de o governo ter ajudado um banco muito menor, o Bear Stearns, quando este esteve em dificuldades, as duas situações têm diferenças: "o colapso do Bear Stearns foi relativamente repentino e potencialmente chocante para ao sistema financeiro, enquanto a morte do Lehman vinha sendo anunciada há meses, dando aos investidores mais tempo para se adaptar e preparar". "Ou talvez os responsáveis pelas políticas econômicas do país, já tendo ajudado o Bear Stearns e os gigantes de hipoteca Fannie Mãe e Freddie Mac, simplesmente escolheram o Lehman para mostrar que o governo não pode resgatar todo mundo. Qualquer que seja a razão, nós achamos que a decisão foi correta", diz o "Washington Post". "Wall Street Journal" No Wall Street Journal, uma análise afirma que a crise nos mercados financeiros "vai reorganizar o cenário financeiro". "Mas isso não quer dizer que a indústria via encolher dramaticamente. Na verdade, a crise atual pode levar a um aumento na demanda por serviços financeiros, enquanto o mundo luta com a necessidade de novos instrumentos financeiros, novas técnicas de adminsitração de risco e a crescente complexidade do mundo financeiro", afirma o WSJ. O artigo responsabiliza as próprias empresas por seus fracassos, por terem apostado alto no arriscado mercado das hipotecas de alto risco, e elogia a decisão do Fed de não intervir. O autor Jeremy J. Siegel, professor de Finanças da Universidade da Pensilvânia, acredita que, apesar da crise, não haverá uma Grande Depressão como a dos anos 30. "Eu tomo como uma marca de confiança no nosso sistema que o Fed não tenha se sentido compelido a resgatar o Lehman Brothers como o fez em março passado, quando ajudaram na fusão do Bear Stearns com o J.P. Morgan".