Petrobrás avalia o pré-sal

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Folha de S. Paulo- 19/08/2008

O diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, confirmou ontem que há "uma primeira impressão" de que há "áreas a serem unitizadas no pré-sal". Isso significa que anúncios de descobertas em áreas consideradas distintas podem representar, na verdade, um mesmo campo petrolífero. O executivo destacou, no entanto, que não há nada garantido, porque só a partir de agora serão iniciadas as perfurações que vão permitir determinar a extensão dos reservatórios para além dos limites dos blocos."Estamos preparando uma programação de perfurações que permitirá uma avaliação mais completa dos dados técnicos sobre esses blocos. Por enquanto, o que existe é muita especulação", disse Estrella, ao chegar, ontem à noite, à Assembléia Legislativa do Rio, onde foi homenageado com a Medalha Tiradentes. Ele disse que a área de Tupi é a única com avaliação mais adiantada e a idéia é "acelerar esse conhecimento" em 2009, quando será iniciado o Teste de Longa Duração, que permitirá retirar 20 mil barris de óleo por dia de Tupi.
"A idéia é jogar as sondas preferencialmente no pré-sal. Mas é claro que temos ainda uma carteira, que vai do Oiapoque ao Chuí, e que não pode ser desconsiderada." Ele informou que, além de uma sonda que será deslocada do Golfo do México para o Brasil, há dois equipamentos desse tipo sendo construídos na Coréia. Eles serão trazidos ao Brasil em vez de serem levadas a empreendimentos da Petrobrás no exterior, como inicialmente projetado. O diretor disse que as descobertas na Bacia de Santos exigem uma concepção de equipamentos completamente diferente dos utilizados no maior pólo produtor de petróleo do Brasil, na Bacia de Campos.
POLITIZAÇÃOO senador Delcídio do Amaral (PT-MS) reclamou da "politização" dos debates sobre o novo modelo para o setor de petróleo, iniciados com a descoberta do pré-sal. Favorável a mudar a lei, ele disse que o governo precisa discutir o tema "do ponto de vista técnico e com tranqüilidade". "Precisamos estudar para ver o que é mais importante para o País. Pode-se até concluir que uma estatal é melhor, mas precisamos de elementos para tomar a decisão", afirmou, após participar, ontem, de fórum sobre a Lei do Gás, no Rio.