Bovespa quebra sequência de ganhos e fecha com baixa de 0,15%, em dia morno

sábado, 23 de agosto de 2008

da Folha Online

Em um dia bastante fraco de negócios, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) não conseguiu sustentar o ritmo de recuperação dos últimos três pregões e encerrou o expediente de sexta-feira em terreno negativo. Algumas das principais ações negociadas da Bolsa desvalorizaram, numa rodada com ajustes agudos das commodities --somente o barril de petróleo caiu mais de 5%.
Analistas também chamaram a atenção para algum movimento de realização de lucros (venda de papéis que valorizaram no curto prazo), num momento de bastante instabilidade dos mercados.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 0,15% e alcança os 55.850 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,37 bilhões, bem abaixo da média diária do mês (R$ 5,26 bilhões, até o dia 21).
O dólar comercial foi cotado a R$ 1,628 na venda, com avanço de 1,05%. A taxa de risco-país marca 238 pontos, em baixa de 0,41%.
Em Nova York (Nymex), a cotação do barril de petróleo teve um forte recuo (5,44%) e atingiu a casa dos US$ 114,59, nesta sexta-feira, oscilando entre a máxima de US$ 121,86 e a mínima de US$ 114,18.
As ações do setor financeiro contribuíram para que as Bolsas européias concluíssem os negócios com valorização. Em Londres, o índice FTSE subiu 2,52%, enquanto Dax alemão ascendeu 1,69%. Em Nova York, a Bolsa local valorizou 1,73% (índice Dow Jones). Nesses mercados, os investidores ficaram animados com a possibilidade que o banco americano de investimentos Lehman Brothers, muito afetado pela crise americana, receba aportes de capital de uma instituição financeira asiática.
Fed
Hoje, o presidente do Federal Reserve (banco central americano), Ben Bernanke, disse estar confiante no recuo da inflação devido à queda nos preços das commodities. Ele, no entanto, mostrou preocupação ainda com os desdobramentos da crise dos "subprimes" sobre o setor financeiro e a economia real. Analistas consideram o discurso bastante duro, mas de efeito restrito, já que não trouxe novidades.
Na interpretação da área econômica do banco Merrill Lynch, as declarações foram uma clara sinalização de que as taxas de juros americanas --hoje em 2% ao ano-- não devem subir "por um longo, longo tempo". "Ele admite que os cortes de 325 pontos [percentuais] das taxas [básicas de juros] contrabalançaram apenas parcialmente o enfraquecimento da economia por conta do desaquecimento com a crise de crédito [subprimes]", avalia a equipe de economistas do banco, em relatório sobre o discurso.
No front doméstico, a inflação medida pelo IPCA-15 teve variação de 0,35% em agosto ante 0,63% em julho. As projeções do mercado financeiro apontavam entre 0,38% e 0,40%. O IPCA-15 é considerado como uma prévia do índice oficial de preços, utilizado para o regime de metas de inflação.