Enxergar os rumos do mercado está mais e mais difícil

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Por: Rodolfo Cirne Amstalden
11/07/08 -
14h00-InfoMoney

SÃO PAULO - A preocupação do analista é determinar, pelo método que preferir, para onde caminha o mercado. Ou melhor, com mais rigor, qual trajetória está associada à probabilidade dominante. Não é tarefa fácil. Embora as ferramentas de projeção tenham evoluído, a dinâmica real parece sempre à frente, com altos graus de alavancagem, ativos inovadores e bolhas estourando vez ou outra.A maioria se dá por vencida e escolhe a acomodação. Mais e mais de análise técnica, fundamentalista, interpretações sobre a política fiscal e monetária de cada país. Já Vineer Bhansali, diretor da Pimco, prefere investigar bagagens teóricas heterodoxas. Se o tradicional não funciona tão bem, vale apostar em uma mudança de paradigma.O cíclico e o secularSegundo Vineer, os investidores gostam de separar sua visão do mundo por duas classificações: o cíclico e o secular. O que é cíclico dura de meses a anos. O que é secular dura de anos a décadas. Sistematização tão simples quanto útil, mas que parece em xeque agora, quando a divisão ente o cíclico e o secular fica mais e mais difusa.Sintoma de uma transição de fases no mercado, em que o foco deve estar na identificação das tendências em formação e nas mudanças bruscas de preço, para baixo ou para cima. Conforme explica o diretor da Pimco, à medida que as séries cíclicas ganham amplitudes maiores, nascem as grandes tendências, indicando a busca por novos padrões de convergência."Dentro deste ambiente, fundos que se pautam em movimentos macro tendem a obter um desempenho melhor", avalia Vineer. E as flutuações de preço figuram como bom indicativo para o retorno dos ativos. Por outro lado, análises baseadas em valuation relativo e em fundamentos perdem sentido, já que os mercados mostram disposição para overshooting, de alta ou de baixa.Fora da caixaDada a confusão entre intervalos cíclicos e seculares, o tradicional desafio de estimar o mercado fica ainda mais complicado. Existem muitos métodos de projeção em economia e finanças, mas nenhum nos garante o futuro de maneira precisa, alerta Vineer. Assim, "é melhor pensar fora da caixa".Para o diretor da Pimco, a análise fundamentalista é um exemplo corrente de caixa. Pensar fora dela pode trazer retornos acima da média neste momento. Uma compensação por desprender-se dos hábitos.