América Latina tem saques de US$ 3,5 bi

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fonte: Valor Econômico - 18/8/2008
A grande dependência de commodities tem se mostrado tóxica para os ativos de países da América Latina. Segundo a consultoria EPFR Global, os fundos de ações internacionais dedicados a investir na região já perderam US$ 3,45 bilhões nas últimas 10 semanas, com o Brasil liderando o volume de saques. Reforçando essa constatação, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), principal centro de liquidez da região, apresentava saldo estrangeiro negativo de R$ 1,68 bilhão até o dia 12 de agosto. Desde junho, os estrangeiros já tiraram mais de R$ 16,7 bilhões da bolsa brasileira. Com o preço de algumas matérias-primas oscilando em mínimas não registradas em seis meses, e petróleo na faixa de US$ 110, a maioria dos emergentes perde atratividade, segundo a consultoria. A Rússia voltou a ser alvo de saques e, pela primeira vez no ano, os Emergentes do Oriente Médio e África registraram saída de recursos. Contrastando com tal cenário, o grupo Ásia (exceto Japão) recebeu dinheiro novo nos subgrupos China, Índia e Coréia do Sul.
A maior preocupação com o ritmo de crescimento da economia mundial, depois que o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro ficou negativo pela primeira vez em 10 anos, além de novas perdas nos balanços de instituições financeiras, fizeram com que os investidores ficassem mais defensivos. Não é de se admirar que os fundos com maior captação foram os de renda fixa de curto prazo (money market) e fundos de ações e bônus dos Estados Unidos. Segundo a EPFR, os fundos de money market receberam US$ 5,9 bilhões na segunda semana de agosto, elevando o valor captado no ano para cima da marca de US$ 150 bilhões. Na Europa, a preocupação com a economia tomou o lugar da atenção com a inflação, mas isso não se traduziu em volumosos saques dos fundos de ações. Durante a semana encerrada dia 13 de maio, a categoria perdeu apenas um décimo da média de US$ 1,75 bilhão que vinha sendo mantida há 15 semanas.
No Japão, a EPFR detectou uma posição de "esperar para ver", com os investidores apostando que a maior inflação levará a uma migração de recursos de investimentos de perfil mais conservador para a bolsa. Mesmo assim, a categoria registrou saques pela terceira semana seguida. Nos EUA, os fundos de ações seguem com captação, com destaque, mais uma vez, para as ações de grandes empresas (large caps) e os Exchange-Traded Funds (ETFs), que acompanham índices de mercado. Na avaliação setorial, os fundos de Energia e Commodities também sentiram essa percepção negativa quanto ao preço das matérias-primas e perderam mais de US$ 1 bilhão na semana. Mudança de percepção também para o setor financeiro. Depois de semanas captando, com os investidores comprando a idéia de "barganha" no setor bancário americano, os fundos voltados ao setor perderam US$ 1,7 bilhão. O bom humor do investidor não resistiu a uma nova rodada de baixas contábeis e rebaixamentos de classificação de risco.