Aconteceu o que todos mais temiam

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Há três meses, esta coluna entrevistou o analista gráfico - profissional que se baseia nos gráficos para projetar o que poderá ocorrer no futuro -, Márcio Noronha, da Link Investimentos, que estimava que o Índice Bovespa poderia cair até os 35 mil pontos nos próximos dois ou três anos. Alguns leitores escreveram para a coluna preocupados com a projeção, um deles, inclusive, bastante indignado. Esse tipo de reação fazia sentido, uma vez que o índice estava em 61 mil pontos. Pois bem, aconteceu o que todos mais temiam ou preferiam não acreditar que fosse possível. O Ibovespa fechou sexta-feira em queda de 3,97%, aos 35.609 pontos. A única diferença entre a previsão do analista e a vida real é que, o que ele esperava que ocorresse em três anos, aconteceu em três meses.
Naquela época, Noronha e outros grafistas ouvidos pela coluna diziam que os 58 mil pontos eram o nível mais importante do índice e que definiria o destino da bolsa. Segundo eles, se o Ibovespa caísse abaixo dessa pontuação, considerada um dos suportes mais importantes (ponto que o índice tem dificuldade de cair e que pode desencadear movimento de compra), poderia significar o fim de um longo período de alta que começou em outubro de 2002.
Agora que todas essas previsões mais pessimistas se concretizaram, o que o investidor que teve sangue-frio para se manter na bolsa pode esperar daqui para frente, ainda tomando por base os gráficos? Segundo a analista gráfica do banco Santander, Sílvia Afonso, o próximo suporte importante está nos 32 mil pontos, que é exatamente 62% de queda entre o ponto mínimo do Ibovespa, em outubro de 2002, e o seu último pico, em maio deste ano. Pelo método grafista, uma queda de 62% significa que o mercado está de fato num longo período de queda e não apenas numa simples correção.

Se cair abaixo dos 32 mil pontos, o próximo suporte do Ibovespa seria os 23.600 pontos, segundo Sílvia, e o seguinte, bem, é melhor nem cogitar. Apesar de não acreditar neste cenário catastrófico, Sílvia diz que é impossível afirmar aos investidores que o pior já passou por causa da irracionalidade que tomou conta do mercado nos últimos dias. "Num movimento irracional, tudo é possível acontecer, já que os fundamentos foram deixados para o segundo plano."
O próprio Márcio Noronha afirma que os indicadores técnicos e gráficos apontam que não há sinais de que a bolsa irá parar de cair. No entanto, assim como a analista do Santander, Noronha não acredita no caos. Para ele, o mercado está prestes a entrar num movimento de recuperação que deve ser rápido e intenso, assim como foi a queda. Noronha, no entanto, não recomenda investir agora em ações porque esse cenário de alta não está claro o suficiente para compensar o risco. "Nos meus 40 anos de mercado, nunca tinha visto uma crise tão feia, nem na crise de 1971 as perdas foram tão grandes em tão pouco tempo."

Abaixo do patrimônio
Com a sangria dos últimos dias, há muitas empresas sendo negociadas pelo valor patrimonial ou abaixo dele. Essa é uma situação esdrúxula, já que o patrimônio líquido dos balanços é mais um retrato do custo histórico dos ativos da empresa (menos os passivos), enquanto o valor de mercado (quantidade de ações multiplicada pelo preço do papel) é o que registra a expectativa de lucros futuros. A diferença entre os dois dá uma idéia do que seria o "intangível" da empresa, valores que não estão expressos no balanço, como marca, capacidade de gestão, estratégia e mão-de-obra especializada.
Na sexta-feira, só 56% dos 324 papéis negociados na Bovespa registravam preços acima de uma vez o seu valor patrimonial, comparado a 77% no começo do ano, segundo o editor Nelson Niero. Considerando ações valendo duas vezes o seu valor patrimonial, esse número cai para 18% ante 51% no começo do ano. Acima de dez vezes, há apenas 2% e em janeiro eram 11%. O valor de mercado da Sadia, abalada por uma perda com operações financeiras, está abaixo do seu patrimônio. A empresa não perdeu só com derivativos: ela perdeu prestígio e mais de R$ 3,4 bilhões de valor de mercado em duas semanas. Mas a crise é para todas, mesmo para aquelas que não estão envolvidas em perdas cambiais. Nomes tradicionais como a siderúrgica Usiminas e a têxtil Alpargatas valem menos que o patrimônio.

Fed agiu certo ao deixar Lehman afundar, dizem jornais dos EUA

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Os principais jornais americanos foram praticamente unânimes em dizer nesta terça-feira - um dia depois da queda das bolsas no mundo inteiro - que o Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, fez bem em não intervir na crise provocada pelo pedido de concordata do banco de investimentos Lehman Brothers. "É estranhamente tranqüilizador que o Departamento do Tesouro e o Federal Reserve tenham deixado o Lehman Brothers fracassar, deixado de subsidiar a embaraçosa venda do Merrill Lynch para o Bank of América e ter tentado alinhar empréstimos para o American International Group, a seguradora em dificuldades, em vez de eles mesmos fazerem o empréstimo", afirma o New York Times em editorial. "Em vez disso, os estonteantes eventos em Wall Street sugerem que o sistema pode estar forte o suficiente para absorver a quebra do Lehman e do Merrill", diz o jornal, que alerta, entretanto, que "o caos no AIG parecer mais difícil de engolir." 'Washington Post' Para o "Washington Post", a queda do Lehman Brothers e as dificuldades enfrentadas pela seguradora AIG trazem novas incertezas e perigos para um sistema financeiro global já cambaleante. "Mas o governo americano estava certo ao deixar o Lehman afundar", afirma o editorial publicado nesta terça. O jornal afirma que apesar de o governo ter ajudado um banco muito menor, o Bear Stearns, quando este esteve em dificuldades, as duas situações têm diferenças: "o colapso do Bear Stearns foi relativamente repentino e potencialmente chocante para ao sistema financeiro, enquanto a morte do Lehman vinha sendo anunciada há meses, dando aos investidores mais tempo para se adaptar e preparar". "Ou talvez os responsáveis pelas políticas econômicas do país, já tendo ajudado o Bear Stearns e os gigantes de hipoteca Fannie Mãe e Freddie Mac, simplesmente escolheram o Lehman para mostrar que o governo não pode resgatar todo mundo. Qualquer que seja a razão, nós achamos que a decisão foi correta", diz o "Washington Post". "Wall Street Journal" No Wall Street Journal, uma análise afirma que a crise nos mercados financeiros "vai reorganizar o cenário financeiro". "Mas isso não quer dizer que a indústria via encolher dramaticamente. Na verdade, a crise atual pode levar a um aumento na demanda por serviços financeiros, enquanto o mundo luta com a necessidade de novos instrumentos financeiros, novas técnicas de adminsitração de risco e a crescente complexidade do mundo financeiro", afirma o WSJ. O artigo responsabiliza as próprias empresas por seus fracassos, por terem apostado alto no arriscado mercado das hipotecas de alto risco, e elogia a decisão do Fed de não intervir. O autor Jeremy J. Siegel, professor de Finanças da Universidade da Pensilvânia, acredita que, apesar da crise, não haverá uma Grande Depressão como a dos anos 30. "Eu tomo como uma marca de confiança no nosso sistema que o Fed não tenha se sentido compelido a resgatar o Lehman Brothers como o fez em março passado, quando ajudaram na fusão do Bear Stearns com o J.P. Morgan".

Eletropaulo cai 5% após bloqueio de dividendos

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Jornal Valor Econômico - 26 de agosto de 2008
As ações da Eletropaulo já caíram quase 16% neste mês e só ontem a queda foi de cerca de 5%. O tombo veio depois que a empresa anunciou que sofreu o bloqueio de suas contas e desta forma não poderá pagar os dividendos anunciados para amanhã, de R$ 359 milhões. O bloqueio foi pedido pela Fazenda Nacional, que cobra uma dívida de R$ 600 milhões, que a Eletropaulo acredita não ter com o Fisco. Nesta semana, as empresas do setor começam a distribuir mais de R$ 2 bilhões em dividendos anunciados, mas o setor elétrico como um todo sofreu ontem na Bolsa de Valores de São Paulo. O índice do setor caiu 1,35%. Com o bloqueio dos dividendos da Eletropaulo, também a AES Elpa não poderá distribuir R$ 105 milhões que viriam da Eletropaulo. A empresa realizou ontem uma teleconferência com os analistas e explicou que o bloqueio se refere a uma discussão sobre Cofins que começou em 1992 e nenhuma linha da causa está explicitada em balanço. Isso porque a empresa entende que trata-se de um caso de perda remota e as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitem que, nesse caso, a empresa não faça nenhuma menção. A causa específica começou em 1992 quando todo o setor entendia que não deveria pagar Cofins e, por isso, ingressou na Justiça. Mas, em 1999, o Supremo Tribunal Federal (STF) disse que a cobrança era constitucional. Uma lei da época isentava os contribuintes de pagamento de juros e multa quando o Supremo declarasse algum tema constitucional. Naquele mesmo ano, o governo editou uma medida provisória, de número 1.858, dizendo que esse benefício valia para os casos em que a declaração de constitucionalidade tivesse sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário, para aqueles que tivessem uma decisão judicial em qualquer jurisdição ou aqueles ajuizados até 31 de dezembro de 1998. O vice-presidente de assuntos legais da Eletropaulo, Pedro Bueno, explica que, quando a empresa foi pagar o que devia de Cofins sem multas e juros, a Receita Federal não aceitou porque entendia, segundo Bueno, que a empresa não atendia aos requisitos estabelecidos na medida provisória. Começaram, então, três execuções de dívida e a discussão na Justiça. O Tribunal Regional Federal (TRF) chegou a extinguir o processo, mas em junho deste ano o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que não era o caso de extinguir o processo, que ele deveria ser julgado, mas que a execução deveria permanecer suspensa. Mas em função dessa decisão do STJ, a Fazenda Nacional conseguiu na sexta-feira que a primeira instância bloqueasse os dividendos da empresa. Desde o ano passado, a procuradoria geral da Fazenda Nacional (PGFN) começou a adotar a estratégia de bloquear dividendos de empresas que estão na sua lista de grandes devedoras. O primeiro caso foi o da CSN, seguido depois pela Vale. O diretor jurídico da Eletropaulo informou que a empresa já recorreu. A PGFN não quis falar sobre o assunto.

Pequeno investidor reduz apetite após baixa na Bolsa

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O fisioterapeuta Thiago Lara, 27, vendeu no início do ano um apartamento de R$ 75 mil que rendia um aluguel de R$ 400 mensais -menos do que a poupança- para aplicar na Bovespa. Cristiano Aparecido Leite, 25, estudante, aplica regularmente em ações com o objetivo de comprar um apartamento. E o administrador José Martins, 38, chegou a perder quase um "pequeno apartamento" após a crise na Bolsa neste ano.Em comum, os três viveram as poucas altas e as muitas baixas do mercado neste ano. Ganharam dinheiro em maio -época do grau de investimento- e perderam a partir de junho. O saldo final foram prejuízos e a primeira experiência de mercado em meio a uma crise.
Números da Bovespa mostram que a turbulência abateu o pequeno investidor, que reduziu seu apetite no mercado. Desde maio, o volume negociado caiu 36% -passou de uma média diária de R$ 1,839 bilhão para R$ 1,174 bilhão em julho.Decepcionados com a Bolsa? Nem tanto. Todos eles reduziram o entusiasmo com as ações e afirmam que teriam adorado ter saído mais cedo da Bolsa. Mesmo assim, foram fazer cursos e estudar técnicas para recuperar as perdas e conseguir, a longo prazo, um retorno acima do de outras aplicações."Quando sobe, tudo bem. Mas, quando dá aquela despencada, a gente fica de cabelo em pé. Fica pensando: se eu tivesse saído nesse momento e voltado depois... Olhando o passado, é fácil falar", disse José Martins.
O fisioterapeuta Thiago Lara estreou em fevereiro na Bolsa, antes do pico de alta do mercado. Vendeu um apartamento de R$ 75 mil em Mogi das Cruzes, juntou outras economias e decidiu colocar R$ 30 mil em ações e R$ 50 mil em CDB. Conforme a Bolsa subia, foi aumentando sua exposição. Na alta, chegou a ganhar mais de 20% na Bolsa e somar quase R$ 100 mil. Agora, ainda tem R$ 85 mil. "Ganhei e fiquei superempolgado. Agora que conheço um pouco melhor o mercado, vi que dei muita sorte. O dinheiro que usei não é do que necessito. A minha estratégia é deixar a longo prazo. Ainda é melhor do que o aluguel. Tem mês que ganha e mês que perde."Já Martins afirma que aprendeu que deve determinar o quanto suporta perder -e também ganhar. "A gente acaba postergando a saída para esperar que melhore. A falta de disciplina para sair faz perder mais. Tem que definir um limite de perdas e de ganho. Se atingiu um ponto que é bom, vende e sai fora. Depois começa de novo, em busca de oportunidade."

Mantega deve publicar portaria que acaba com superávit primário

domingo, 24 de agosto de 2008

da Folha Online - 24 de agosto de 2008
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve publicar na terça-feira uma portaria que, na prática, acaba com o conceito de superávit primário, usado para contabilizar as receitas ante as despesas gerais, mas sem incluir o pagamento dos juros da dívida pública, informa o colunista Guilherme Barros na Folha deste sábado.
Entenda o que é o superávit primário e seu impacto sobre a dívida
A portaria irá determinar que a contabilidade pública passe a adotar as normas contábeis consagradas internacionalmente. Com essas novas normas contábeis, passam a valer os conceitos de resultado fiscal, hoje chamado de nominal, a fim de dar mais transparência à contabilidade pública.
O conceito de superávit primário foi introduzido no Brasil em 1991, ainda no governo Collor, durante as negociações de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), para calcular o montante de recursos que o governo poderia empregar para o pagamento dos juros da dívida.
No início deste mês, o ministro disse não descartar um aumento da meta de superávit primário (economia feita para pagar os juros da dívida) como forma de combater a inflação. "Se necessário for, nós usaremos a política fiscal", disse ele, durante participação em seminário na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
Ele disse que considera "menos danoso" para o crescimento da economia aumentar o superávit primário do que aumentar a taxa básica de juros --na última reunião, o Banco Central elevou a Selic para 13%. "A elevação da taxa de juros é necessária, mas o nível me preocupa", afirmou.
Leia a reportagem completa na Folha deste sábado, que já está nas bancas.

Bovespa quebra sequência de ganhos e fecha com baixa de 0,15%, em dia morno

sábado, 23 de agosto de 2008

da Folha Online

Em um dia bastante fraco de negócios, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) não conseguiu sustentar o ritmo de recuperação dos últimos três pregões e encerrou o expediente de sexta-feira em terreno negativo. Algumas das principais ações negociadas da Bolsa desvalorizaram, numa rodada com ajustes agudos das commodities --somente o barril de petróleo caiu mais de 5%.
Analistas também chamaram a atenção para algum movimento de realização de lucros (venda de papéis que valorizaram no curto prazo), num momento de bastante instabilidade dos mercados.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 0,15% e alcança os 55.850 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,37 bilhões, bem abaixo da média diária do mês (R$ 5,26 bilhões, até o dia 21).
O dólar comercial foi cotado a R$ 1,628 na venda, com avanço de 1,05%. A taxa de risco-país marca 238 pontos, em baixa de 0,41%.
Em Nova York (Nymex), a cotação do barril de petróleo teve um forte recuo (5,44%) e atingiu a casa dos US$ 114,59, nesta sexta-feira, oscilando entre a máxima de US$ 121,86 e a mínima de US$ 114,18.
As ações do setor financeiro contribuíram para que as Bolsas européias concluíssem os negócios com valorização. Em Londres, o índice FTSE subiu 2,52%, enquanto Dax alemão ascendeu 1,69%. Em Nova York, a Bolsa local valorizou 1,73% (índice Dow Jones). Nesses mercados, os investidores ficaram animados com a possibilidade que o banco americano de investimentos Lehman Brothers, muito afetado pela crise americana, receba aportes de capital de uma instituição financeira asiática.
Fed
Hoje, o presidente do Federal Reserve (banco central americano), Ben Bernanke, disse estar confiante no recuo da inflação devido à queda nos preços das commodities. Ele, no entanto, mostrou preocupação ainda com os desdobramentos da crise dos "subprimes" sobre o setor financeiro e a economia real. Analistas consideram o discurso bastante duro, mas de efeito restrito, já que não trouxe novidades.
Na interpretação da área econômica do banco Merrill Lynch, as declarações foram uma clara sinalização de que as taxas de juros americanas --hoje em 2% ao ano-- não devem subir "por um longo, longo tempo". "Ele admite que os cortes de 325 pontos [percentuais] das taxas [básicas de juros] contrabalançaram apenas parcialmente o enfraquecimento da economia por conta do desaquecimento com a crise de crédito [subprimes]", avalia a equipe de economistas do banco, em relatório sobre o discurso.
No front doméstico, a inflação medida pelo IPCA-15 teve variação de 0,35% em agosto ante 0,63% em julho. As projeções do mercado financeiro apontavam entre 0,38% e 0,40%. O IPCA-15 é considerado como uma prévia do índice oficial de preços, utilizado para o regime de metas de inflação.

VisaNet

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Valor Econômico- 22 de agosto de 2008

A Visanet, empresa que faz o credenciamento de estabelecimentos comerciais para a bandeira Visa, dará na próxima segunda-feira, dia 25, o primeiro passo para a listagem de ações na Bovespa. Nesse dia, os acionistas da empresa se reunirão em assembléia para autorizar a apresentação de pedido de registro de companhia aberta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A operação da empresa é aguardada pelo mercado desde que a concorrente Redecard lançou ações, há um ano. Segundo o diretor executivo de finanças e administração da Visanet Brasil, Vitor Fabiano, a convocação foi efetuada para que sejam criadas condições prévias e para que a empresa esteja pronta para a oferta inicial de ações, caso venha a ser definida pelos acionistas. Uma vez que o pedido da Visanet ingresse na CVM, a operação deve permanecer em análise por pelo menos um mês. O mercado não sabe estimar se a oferta será realizada neste ano, pois dependerá da janela de oportunidade.
Apesar da instabilidade dos mercados, é possível dizer que a distribuição tem sinalização muito positiva. Em março passado, período nebuloso para o mercado de capitais, diante da crise de crédito internacional, a Visa fez a maior operação inicial de venda de ações nos Estados Unidos, com volume recorde de US$ 17,86 bilhões. Os analistas da Itaú Corretora comentaram que a operação de Visanet pode ser um fator a impulsionar as ações do Bradesco e do Banco do Brasil, que possuem fatias de 40% e 32%, respectivamente, na empresa. Os papéis devem se beneficiar tanto do valor que o mercado atribuir à Visanet, quanto da venda de ações em uma eventual oferta secundária, em que os recursos vão para os acionistas. O Itaú assumiu múltiplos para a Visanet semelhantes aos de Redecard, com preço/lucro (P/L) estimado para 2008 de 21,5 vezes e crescimento de receita de 21%. A corretora calculou valor de mercado de R$ 23 bilhões - o da Redecard é de R$ 20 bilhões. Na assembléia, os acionistas também aprovarão a conversão das ações ON, hoje divididas em A e B, em uma classe única de ordinárias.

Marcas que seduzem

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Valor Econômico- 19/08/2008
Num momento em que o investidor estrangeiro bate em retirada da bolsa brasileira, entender o que o investidor pessoa física leva em conta na hora de escolher uma ação torna-se extremamente importante. Segundo dados da Bovespa, enquanto os estrangeiros tiraram R$ 16,033 bilhões no ano até o dia 13, os individuais compraram R$ 7,870 bilhões. Mas qual o peso de uma marca na seleção de um papel? A fim de responder a esta pergunta, a BrandAnalytics elaborou uma pesquisa com cem investidores das classes A e B. Cada um precisava ter pelo menos R$ 5 mil aplicados diretamente em ações. A idéia era compreender a força do nome da empresa na decisão de investimento. Os resultados mostram a relevância de uma marca forte. Quando perguntado sobre quais as empresas com papéis na bolsa o investidor já tinha ouvido falar, as ações de Petrobras, Vale e Bradesco apareceram em 100% das respostas. Em seguida ficaram Itaú, com 99%, e Gerdau, com 95%. Os papéis do Unibanco, Banco do Brasil (BB) e Perdigão apareceram com 93%. "Isso mostra que todo mundo sabe quem são essas empresas, mas daí a colocar dinheiro nelas é uma outra história", diz Eduardo Tomiya, diretor da BrandAnalytics e coordenador do estudo ao lado do consultor Roberto de Napoli.
Em seguida, os entrevistados responderam se já investiram em algum desses papéis. Do total, 81% já foram acionistas da Petrobras e 78% da Vale. "Isso é um indício de que essas empresas têm algum valor a mais para os investidores", avalia Tomiya. Atrás das duas vedetes ficou o Bradesco, que teve 44% das respostas, enquanto o Itaú, 37%. Gerdau apareceu com 31%. Interessante notar que, neste quesito, a tradicional Usiminas, juntamente com a mais novata Natura, ficou com 26%. Já o BB teve 19%. "Isso chama a atenção, pois o BB é o maior banco do país e a percepção dele pode ser considerada pequena vis-à-vis o seu lucro", diz. Mas, será que os investidores que já aplicaram em ações dessas companhias, as mantêm na carteira? Mais uma vez, as vedetes estão entre as preferidas - 69% dos entrevistados investem em Petrobras e 67% têm Vale na carteira. Do total, 29% contam com papéis do Bradesco, enquanto 21% investem nas ações do Itaú. Gerdau teve 17% e Usiminas, 13%. O BB ficou com 10% e a Natura, com 5%. Na visão de Tomiya, para a companhia, conhecer a forma como o investidor decide por um ou outro investimento pode ser um grande aliado na comunicação corporativa. "É importante para a empresa saber como ela é percebida e quão importante é a transparência na decisão de investimento", diz.
Ao cruzar os três resultados - se o investidor conhece a ação, já investiu e ainda investe - , foi possível chegar ao que a consultoria chama de força do papel. Aqui, Petrobras, com 56%, e Vale, com 52%, têm uma força quase quatro vezes maior do que o terceiro colocado, o Bradesco, com 13%. Em quarto lugar ficou a Usiminas, com 9%, acompanhada pelo Itaú, com 8%. Banco do Brasil teve 6% e a Gerdau, 5%. A preferência pelas duas maiores empresas do Índice Bovespa confirma a procura pelos fundos compostos somente por Petrobras e Vale, que lideram a captação no ano entre os fundos de ações. Mas o que aconteceu com marcas conhecidas como AmBev, Pão de Açúcar ou mesmo Sadia? "A pesquisa deve servir como um alerta para os executivos de Relações com Investidores para saber o quão efetivo eles estão sendo na comunicação da empresa", afirma Tomiya. "É claro que Petrobras e Vale são grandes corporações, mas há outros critérios que vêm sendo percebidos pelo investidor." Os dados mostram que a transparência da empresa é o segundo critério mais importante para o investidor na escolha de um papel, com 39%, atrás apenas da solidez e lucratividade. "Isso indica uma tendência dos investidores de se preocupar mais com a perenidade dos investimentos, e não só com o lucro", diz. Interessante notar que a transparência vem antes, inclusive, dos dividendos ou da recomendação de um profissional.
Ao avaliar os diferenciais percebidos nas empresas citadas - solidez, transparência, capital humano e marca -, percebe-se que Vale e Petrobras são as com maiores diferenciais. Em seguida ficaram o Bradesco, Itaú e Gerdau. BB e Usiminas empataram. Saber como o diferencial da empresa é percebida e a importância de sua marca é relevante para a companhia tentar reduzir a diferença entre seu valor real e o de mercado, observa Tomiya. Muitas empresas que vieram a mercado recentemente não foram eficazes o suficiente em sua comunicação corporativa e algumas delas sofreram mais do que a média nesses últimos tempos por conta disso.

Petrobrás avalia o pré-sal

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Folha de S. Paulo- 19/08/2008

O diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, confirmou ontem que há "uma primeira impressão" de que há "áreas a serem unitizadas no pré-sal". Isso significa que anúncios de descobertas em áreas consideradas distintas podem representar, na verdade, um mesmo campo petrolífero. O executivo destacou, no entanto, que não há nada garantido, porque só a partir de agora serão iniciadas as perfurações que vão permitir determinar a extensão dos reservatórios para além dos limites dos blocos."Estamos preparando uma programação de perfurações que permitirá uma avaliação mais completa dos dados técnicos sobre esses blocos. Por enquanto, o que existe é muita especulação", disse Estrella, ao chegar, ontem à noite, à Assembléia Legislativa do Rio, onde foi homenageado com a Medalha Tiradentes. Ele disse que a área de Tupi é a única com avaliação mais adiantada e a idéia é "acelerar esse conhecimento" em 2009, quando será iniciado o Teste de Longa Duração, que permitirá retirar 20 mil barris de óleo por dia de Tupi.
"A idéia é jogar as sondas preferencialmente no pré-sal. Mas é claro que temos ainda uma carteira, que vai do Oiapoque ao Chuí, e que não pode ser desconsiderada." Ele informou que, além de uma sonda que será deslocada do Golfo do México para o Brasil, há dois equipamentos desse tipo sendo construídos na Coréia. Eles serão trazidos ao Brasil em vez de serem levadas a empreendimentos da Petrobrás no exterior, como inicialmente projetado. O diretor disse que as descobertas na Bacia de Santos exigem uma concepção de equipamentos completamente diferente dos utilizados no maior pólo produtor de petróleo do Brasil, na Bacia de Campos.
POLITIZAÇÃOO senador Delcídio do Amaral (PT-MS) reclamou da "politização" dos debates sobre o novo modelo para o setor de petróleo, iniciados com a descoberta do pré-sal. Favorável a mudar a lei, ele disse que o governo precisa discutir o tema "do ponto de vista técnico e com tranqüilidade". "Precisamos estudar para ver o que é mais importante para o País. Pode-se até concluir que uma estatal é melhor, mas precisamos de elementos para tomar a decisão", afirmou, após participar, ontem, de fórum sobre a Lei do Gás, no Rio.

América Latina tem saques de US$ 3,5 bi

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fonte: Valor Econômico - 18/8/2008
A grande dependência de commodities tem se mostrado tóxica para os ativos de países da América Latina. Segundo a consultoria EPFR Global, os fundos de ações internacionais dedicados a investir na região já perderam US$ 3,45 bilhões nas últimas 10 semanas, com o Brasil liderando o volume de saques. Reforçando essa constatação, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), principal centro de liquidez da região, apresentava saldo estrangeiro negativo de R$ 1,68 bilhão até o dia 12 de agosto. Desde junho, os estrangeiros já tiraram mais de R$ 16,7 bilhões da bolsa brasileira. Com o preço de algumas matérias-primas oscilando em mínimas não registradas em seis meses, e petróleo na faixa de US$ 110, a maioria dos emergentes perde atratividade, segundo a consultoria. A Rússia voltou a ser alvo de saques e, pela primeira vez no ano, os Emergentes do Oriente Médio e África registraram saída de recursos. Contrastando com tal cenário, o grupo Ásia (exceto Japão) recebeu dinheiro novo nos subgrupos China, Índia e Coréia do Sul.
A maior preocupação com o ritmo de crescimento da economia mundial, depois que o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro ficou negativo pela primeira vez em 10 anos, além de novas perdas nos balanços de instituições financeiras, fizeram com que os investidores ficassem mais defensivos. Não é de se admirar que os fundos com maior captação foram os de renda fixa de curto prazo (money market) e fundos de ações e bônus dos Estados Unidos. Segundo a EPFR, os fundos de money market receberam US$ 5,9 bilhões na segunda semana de agosto, elevando o valor captado no ano para cima da marca de US$ 150 bilhões. Na Europa, a preocupação com a economia tomou o lugar da atenção com a inflação, mas isso não se traduziu em volumosos saques dos fundos de ações. Durante a semana encerrada dia 13 de maio, a categoria perdeu apenas um décimo da média de US$ 1,75 bilhão que vinha sendo mantida há 15 semanas.
No Japão, a EPFR detectou uma posição de "esperar para ver", com os investidores apostando que a maior inflação levará a uma migração de recursos de investimentos de perfil mais conservador para a bolsa. Mesmo assim, a categoria registrou saques pela terceira semana seguida. Nos EUA, os fundos de ações seguem com captação, com destaque, mais uma vez, para as ações de grandes empresas (large caps) e os Exchange-Traded Funds (ETFs), que acompanham índices de mercado. Na avaliação setorial, os fundos de Energia e Commodities também sentiram essa percepção negativa quanto ao preço das matérias-primas e perderam mais de US$ 1 bilhão na semana. Mudança de percepção também para o setor financeiro. Depois de semanas captando, com os investidores comprando a idéia de "barganha" no setor bancário americano, os fundos voltados ao setor perderam US$ 1,7 bilhão. O bom humor do investidor não resistiu a uma nova rodada de baixas contábeis e rebaixamentos de classificação de risco.

BM&F Bovespa divulga 1º balanço

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A BM&F Bovespa divulga hoje seu primeiro balanço após a união oficial das bolsas brasileiras. Os analistas esperam por resultados modestos, uma vez que os números de queda nos volumes de negócios e saída de investidores estrangeiros são divulgados mensalmente para o mercado. A desaceleração das transações em bolsas, por conta do aumento da aversão ao risco, diante da crise de crédito global, afetou todas as companhias do setor pelo mundo este ano. Apenas em 2008, o valor de mercado da BM&F Bovespa caiu pela metade, para US$ 13 bilhões, comportamento que acompanhou tendência global. Prova disso é que, apesar da desvalorização, ela mantém a quarta colocação no ranking global de bolsas, atrás de Deutsche Boerse (US$ 19 bilhões); CME Group (US$ 18,5 bilhões) e Hong Kong Exchanges (US$ 14,2 bilhões). Como o segundo trimestre mais fraco já está até mesmo refletido nas cotações, o foco de atenção dos investidores está no desempenho do terceiro trimestre. Por um lado, os dados de julho se mostraram ainda desanimadores. No entanto, a concretização da parceria com a CME, para o uso da Globex, a plataforma de negociação da bolsa americana, e a implantação do acesso direto (DMA, na sigla em inglês), podem reverter o quadro, ao menos para a bolsa brasileira.
O volume movimentado pela Bovespa em julho foi de R$ 124 bilhões, em queda de 6,3% sobre o mês anterior. A saída de capital externo somou R$ 7,626 bilhões. Na BM&F, a média diária de negócios em julho foi de 1,66 milhão de contratos, 4,8% inferior à de igual intervalo do ano passado. O analista da Itaú Corretora, Victor Mizusaki, destaca também que o preço médio dos contratos negociados na bolsa de futuros caiu 3% no mês passado, em relação ao verificado no segundo trimestre, o que também tende a impactar as receitas da companhia. Nas contas de Mizusaki, combinadas, BM&F e Bovespa estão sendo negociadas com desconto de 13% em relação a outras bolsas internacionais.
A Bradesco Corretora também acredita que os papéis não estão mais caros como na época da abertura de capital - de lá para cá, a desvalorização da BM&F S.A. é de 48% e da Bovespa Holding, de 31%. Os analistas acreditam que o quadro pode mudar neste semestre, caso se confirme a previsão de implantação do acesso direto ao pregão. Por esse mecanismo, para operar na bolsa, o investidor precisará apenas manter o cadastro em uma corretora, mas não terá de fechar operações com a intermediação de um corretor. Ele colocará suas ordens diretamente depois de ter liberado o acesso a um terminal de negociação. Esse dispositivo será oferecido a investidores de todo o mundo quando estiver funcionando a interligação do pregão doméstico com a Globex. Em princípio, os produtos da BM&F serão oferecidos em mais de 80 países e o número de terminais de negociação na bolsa subirá de 700 para mais de 100 mil.

GOL tem perda recorde no trimestre

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Uma combinação de gastos para reorganizar a Varig, alta dos custos com combustível e vôos mais vazios levaram a Gol Linhas Aéreas a registrar o maior prejuízo trimestral de sua história. A companhia aérea, segunda maior do país, teve perda de R$ 216,8 milhões entre abril e junho deste ano, contra lucro de R$ 157,1 milhões em igual período de 2007. No dia em que a Gol anunciou seu pior resultado, a TAM antecipou a divulgação de seus números, que estavam previstos para amanhã. Com ganhos de escala, aumento de tarifas e contenção de despesas, a líder de mercado mostrou lucro líquido de R$ 50,2 milhões no segundo trimestre, contra prejuízo de R$ 28,6 milhões nos mesmos meses do ano passado. Os resultados de ontem fecham o terceiro trimestre consecutivo em que a Gol registrou prejuízo e a TAM, lucro. Eles mostram, também, que os efeitos da compra da Varig, em março de 2007, fizeram a Gol interromper um ciclo de três anos - entre o terceiro trimestre de 2004 e o terceiro trimestre de 2007 - tendo apenas lucros e todos eles maiores do que os da TAM. Não por acaso, o valor de mercado da Gol em bolsa é, desde o primeiro trimestre deste ano, menor do que o da concorrente, embora tenha sido superior em todos os trimestres entre 2004 e 2007.
Entre abril e maio deste ano, apesar dos resultados finais opostos nos balanços das rivais, as duas companhias aéreas registraram praticamente o mesmo crescimento de receita, em torno de 27%. Como TAM e Gol detêm, juntas, 93% do mercado doméstico e 99% do segmento internacional, elas se aproveitam praticamente sozinhas do aumento da demanda por transporte aéreo no Brasil. A Gol elevou suas vendas para R$ 1,46 bilhão, ajudada por um aumento de 20% na demanda e de 7,7% no aumento dos preços (indicado pelo chamado "yield", que mostra quanto cada passageiro pagou por quilômetro voado). A TAM, por sua vez, registrou receita de R$ 2,51 bilhões, impulsionada por elevação de 15,5% na demanda e de 10,3% nos preços. Na linha dos custos operacionais, o aumento foi semelhante nas duas aéreas: avanço de 37% na TAM e de 34,5% na Gol. O componente mais relevantes foi, sem surpresas, o combustível, que sozinho representa mais de 40% do custo total. Na TAM, a conta do insumo saltou de R$ 641 milhões para R$ 989 milhões. Para a Gol, houve também impactos extraordinários nos custos de manutenção decorrentes da devolução de aeronaves.
A TAM conseguiu absorver mais o aumento de custos, tendo registrado lucro operacional (R$ 587,6 milhões), enquanto a Gol teve dificuldades em dilui-los e registrou perda operacional (R$ 71,5 milhões). Uma das razões para isso é que a TAM tem conseguido voar com aviões mais cheios cobrando tarifas maiores. Obtém, portanto, uma receita proporcionalmente maior em relação a sua oferta do que a concorrente. No segundo trimestre, a Gol conseguiu vender 64,6% dos seus assentos, quando a taxa necessária para cobrir os custos era de 77,8%. A TAM, ao contrário, voou com 70,4% dos aviões cheios, quando os custos exigiam 68,6%.
Ambas as empresas consumiram caixa para fazer frente à inflação dos gastos. Foi a linha das despesas, porém, que determinou a diferença entre as empresas - inclui gastos administrativos, comerciais e o resultado financeiro. No caso da Gol, elas subiram 53,5%, influenciadas por aumento nos gastos com vendas e fechamento de bases internacionais na Europa e no México, resultado do cancelamento dos vôos de longo curso, deficitários, da Varig. A TAM, por sua vez, pisou no freio e reduziu os gastos em 1,8%, principalmente com vendas. Ontem, em teleconferência, a Gol afirmou que deverá continuar registrando despesas de reestruturação da Varig até o fim do ano, mas estima ter, de forma consolidade, lucro no terceiro trimestre, entre julho e setembro. A companhia espera autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para integrar a Gol e Varig numa única estrutura e obter sinergias que devem gerar, segundo a empresa, economias anuais de R$ 180 milhões. As marcas, entretanto, serão mantidas separadas, garantiu o presidente da empresa, Constantino de Oliveira Jr. A companhia também cancelou a chegada de sete aviões e reduzirá em 5% o aumento de capacidade previsto. A teleconferência da TAM acontece amanhã.

Crise faz um ano e horizonte é incerto

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

São Paulo, 11 de Agosto de 2008
Há um ano, os mercados financeiros mergulhavam em mais uma crise, a das hipotecas subprimes, tendo como epicentro o mercado americano de crédito imobiliário. Em agosto do ano passado, um ponto em comum permeava os discursos de analistas quando o tema era a longevidade do ajuste necessário para afastar os riscos envolvidos. Boa parte doa analistas considerava limitados os potenciais efeitos do fim da bolha imobiliária nos demais mercados. O ajuste, acreditavam, seria pontual. Os prejuízos bilionários dos bancos, a redução no crescimento global e a forte volatilidade das bolsas jogaram por terra esta idéia.
A exposição do setor financeiro às suprimes - hipotecas de segunda linha, concedidas a quem normalmente não poderia ter crédito - surpreendeu. "Eu mesmo achava que não duraria muito, mas o choque nos bancos começou devagar, foi crescendo e ainda não terminou", avalia Guilherme da Nóbrega, economista-chefe da Itaú Corretora. "As perdas estão próximas de US$ 500 bilhões e podem ser muito maiores."
O medo de que a bolha imobiliária estourasse já vinha tirando o sono de muita gente, mas foi em agosto que os fatos marcaram de vez a nova crise. O dia mais nervoso ocorreu em 16 de agosto, uma quinta-feira. A Bovespa chegou a cair quase 9%, fechando com recuo de 2,58%, o dólar subiu 4,43% e o risco-país disparou 14%. Um dia antes, a financiadora imobiliária Countrywide Financial - maior empresa norte-americana do setor de hipotecas - havia feito um empréstimo de US$ 11,5 bilhões para enfrentar um problema de liquidez. Dois bancos centrais, o americano Fed e o Boj, do Japão, abriram os cofres e injetaram US$ 20 bilhões nos bancos para garantir a liquidez do sistema. A ação coordenada dos BCs ao longo da crise, embora não tivessem impedido uma forte alta nos spreads das linhas de crédito, foi determinante para evitar um colapso do sistema.
"O erro foi deixar a situação chegar onde chegou, mas depois não havia o que fazer a não ser sair em socorro das instituições e evitar um mal pior", diz Nóbrega, do Itaú. "Faltou muita coisa, um ambiente com boas praticas, e não um sistema baseado apenas na avaliação de risco das agências de rating, isto não se mostrou eficiente." Para Nóbrega, os instrumentos de controles estavam frouxos. "Vínhamos de um ciclo longo de crescimento dos EUA, com juros baixos e excesso de liquidez global e toda vez que ocorre um ciclo longo benigno, os instrumentos de vigilância e controle ficam frouxos, é normal."
Dados da consultoria UpTrend mostram que, desde setembro do ano passado, foram injetados US$ 860 bilhões no sistema financeiro, com linhas de crédito entre US$ 20 e US$ 75 bilhões em leilões. Também foram adotadas medidas para estimular o consumo, com pacote fiscal de US$ 168 bilhões, e mudanças regulatórias na tentativa de definir melhor o papel de cada agente fiscalizador e evitar que o problema se repita. A taxa básica americana sofreu sete cortes consecutivos, indo de 5,25% para 2% ao ano, incluindo uma reunião extraordinária. Outro fato marcante foi a compra do Bear Sterns pelo JP Morgan, pela bagatela de US$ 1 por ação, negócio tutelado pelo Fed americano. Tudo para evitar uma quebradeira de bancos e, principalmente, que o grande mal se estabelecesse e a economia americana entre numa recessão, o que arrastaria inevitavelmente outros mercados. Por enquanto, parece que deu certo.
"A economia está se desacelerando, mas acho que caminha mais para uma queda suave, não vejo um PIB americano negativo", avalia Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB. Nóbrega, da Itaú Corretora, concorda. "Os reflexos ainda não se materializaram totalmente, mas a economia americana tem se mostrado forte, mais integrada e flexível", diz. Para o Brasil, o cenário de desaceleração global pode não ser tão ruim.
"A desaceleração reduz o preço das commoditires que afetam o desempenho das bolsas, mas este movimento pode ajudar o Brasil a controlar a inflação, o que é positivo", avalia Nóbrega, lembrando que a queda das commodities veio para ficar, colocando o nível dos preços em outro patamar. "Não dá para saber quando este movimento acaba, mas o efeito no Brasil é mais benéfico do que maléfico, faz coro Padovani.
Ao menos no curto prazo, a queda nas commodities que ajuda a política monetária doméstica não colabora em nada com as bolsas. Só este ano, a Bovespa acumula queda de 11,42%. Em Wall Street, o índice Dow Jones cai 11,54% este ano e o S&P 500 recua 11,72% "Acredito que haja uma recuperação suave das bolsas, não vejo que haja espaço para piorar muito", diz Padovani, do WestLB. "O ajuste nos preços das commodities deve perder força e o preço da bolsa, particularmente a brasileira, ficará atrativo."

O perigo da recuperação dos lucros

sábado, 9 de agosto de 2008

As empresas brasileiras, inclusive instituições financeiras, apresentaram, no primeiro semestre de 2008, uma significativa redução de margens de lucros - particularmente grave para um grande número delas quando calculada em valor real -, apesar do aumento de faturamento.Trata-se de uma conseqüência, basicamente, do forte aumento dos custos de produção, especialmente das empresas que dependem muito de commodities, cujos preços, no primeiro semestre, tiveram forte elevação.Em boa parte dos casos houve erro de cálculo nas estimativas de evolução dos custos, de modo que, numa fase de redução dos preços das commodities, as empresas podem sentir-se tentadas a recuperar as margens de lucros, especialmente se se deparam com uma demanda doméstica vigorosa, seja por efeito do aumento de remuneração do funcionalismo público, seja pela atualização generosa do Bolsa-Família, seja pela continuidade da forte expansão do crédito.Essa expansão, que os próprios bancos avaliam em 25% neste ano, é a resposta que estão dando à (pequena) redução dos seus lucros, além de cogitarem aumentar as tarifas dos seus serviços.No caso das empresas de outros setores, elas não levarão em conta a provável redução dos custos de produção, preferindo reparar o erro de cálculo do primeiro semestre aumentando suas margens, ainda mais que grande parte dessas empresas investiu no aumento da capacidade de produção ou da produtividade, devendo, portanto, arcar com o reembolso dos empréstimos contratados.Assim, estaremos diante de um novo fator de inflação, que poderá neutralizar a queda, que parece se consolidar, dos custos de produção. Essa realimentação inflacionária poderá encontrar mais impulso na desvalorização do real, que eleva os custos da produção.Diante desses fatores que podem atrasar o atual processo de redução da taxa de inflação, parece-nos que seria adequado tomar algumas medidas - além de dar continuidade, até o final do ano, à elevação gradual da taxa Selic. Uma delas seria um maior esforço para elevar a competição entre as instituições financeiras, de modo a evitar que a expansão do crédito se traduza em aumento dos custos. Outra medida seria a redução da demanda governamental, que contribuiria para abortar as tentativas de aumento dos preços pelas empresas. E, por fim, uma redução da carga tributária dessas empresas.



Receita Federal sobe 30% taxa sobre as chamadas bebidas quentes

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Viviane Monteiro, Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O governo federal aumentou em 30% a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as bebidas alcoólicas consideradas “quentes” nacionais e importadas, no setor industrial. O anúncio foi feito nesta quinta-feira pela Receita Federal do Brasil. Dentre as bebidas que terão os alíquotas acrescidas estão o vinho, uísque, runs, aguardentes, conhaques e batidas, mas não a cerveja. O aumento faz parte do decreto nº 6.501 publicado em 02 de julho e que entra em vigor em 1º de outubro.
Segundo o coordenador do Fisco, Helder Silva, desde 2003 que o setor não passava por reajuste. Ele disse que o objetivo da medida é acompanhar a evolução da inflação do setor, pois os preços ficaram congelados durante cinco anos, enquanto que a inflação do setor pode ter chegado até 30%. O decreto inicialmente começaria a vigorar em agosto, mas passou por algumas mudanças e agora vai passar vigorar apenas em outubro.
O governo não incluiu neste pacote o reajuste das alíquotas de cerveja, refrigerantes e água. Porém, Silva lembrou que o reajuste para tais bebidas estará na Medida Provisória 436, originária no Executivo que tramita no Congresso Nacional. Neste caso, serão alterados os cálculo da cobrança de IPI, PIS e Cofins. Silva não informou qual será o reajuste concedido as essas bebidas que pode entrar em vigor em janeiro do ano que vem.
O coordenador do Fisco calcula que as fabricantes de bebidas alcoólicas quentes farão um repasse de até 5% ao preço das bebidas ao consumidor final. A previsão é que quanto maior seja o preço da bebida maior será o reajuste ao consumidor. No entanto, Silva não quis estimar o impacto financeiro da medida sobre a arrecadação da Receita Federal.
O reajuste de 30% na alíquota do IPI varia conforme a classe das bebidas que representam as letras do alfabeto: de A a Z. Com o aumento do IPI, o piso das alíquotas fixas sobre o valor das bebidas alcoólicas subirá para R$ 0,14 a unidade nas fabricas, ante R$ 0,11. Se enquadram nesse valor as bebidas mais baratas, como vinho e cachaça de garrafa de 300 ml.
Já o teto da alíquota subirá para R$ 17,39, ante R$ 13,00, que é aplicado sobre o valor das bebidas mais sofisticadas, como o uísque importado e a vodka. No caso da cachaça, a alíquota subirá de R$ 0,34 para R$ 0,39 a unidade.
O especialista do Fisco afirmou que as alíquotas do IPI incidentes sobre os valores das bebidas alcoólicas quentes equivalem a cerca de 60% do preço do produto, por não ser considerado um produto prioritário da população. No caso do vinho, o percentual é de até 10%, que equivale ao percentual mínimo. O impacto menor sobre o vinho, disse Silva, decorre das características socioeconômicas do setor, cuja produção das vinícolas é feita por cooperativas, em sua maioria.
A partir de 1º de setembro todos os fabricantes de bebidas alcoólicas quentes terão de se enquadrar ao novo reajuste. Terão que informar à Receita Federal, pela internet, as características de suas bebidas fabricadas, para que o Fisco já comece a arrecadar o aumento no mês seguinte. Até então, todas as informações eram encaminhadas à sede da Receita Federal em Brasília, que centralizava os dados nacionais. Agora a operação será feita nos órgãos regionais, para facilitar o trabalho do Fisco.
– E mais fácil que o enquadramento fique no domicílio do próprio contribuinte – declarou.
O superintendente do Sindicato da Indústria de Bebidas (Sindibebidas) de Minas Gerais, Cristiano Lamego, afirmou que o aumento do imposto será repassado ao consumidor. Ele disse que as empresas não terão como reduzir a margem de lucro para arcar com esse aumento de “custo de produção”.
Lamego reclamou, ainda, da classificação das bebidas nas diferentes faixas de alíquotas. Ele citou também o exemplo da cachaça. Segundo o superintendente do sindicato, o IPI cobrado sobre a cachaça artesanal, produzida em alambique, será de R$ 2,23 por litro. E o imposto sobre a cachaça produzida industrialmente será de R$ 0,38.

Crise deixa exercício de previsões mais difícil

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O que esperar do mercado nos próximos meses ou até no próximo ano? Volatilidade. O professor da Universidade da Califórnia em San Diego Alan Timmermann diz que não é possível arriscar uma resposta que vá muito além disso. Especialista em finanças, particularmente no estudo do mercado de ações e dos retornos dos ativos, Timmermann esteve no Rio na semana passada para participar do 8º Encontro Brasileiro de Finanças, realizado no Ibmec. Ele diz que os acontecimentos recentes na economia americana - derivados da crise das hipotecas de alto risco, os "subprimes" -, estão apresentando um cenário completamente novo, no qual fica mais difícil fazer previsões, inclusive das reações do mercado.
Na visão do professor, depois que as grandes perdas relativas aos subprimes começaram a vir à tona, os investidores passaram a se dar conta de que muitas das estratégias tradicionais que eram usadas talvez não são mais aplicáveis nesse momento. "Por exemplo, será que é hora de comprar ações de bancos porque elas já caíram tanto que se tornam uma oportunidade?", observa Timmermann. Ele lembra que, em muitos casos, os próprios bancos não sabem qual o tamanho exato dos prejuízos que sofrerão por conta da exposição a hipotecas, derivativos e outros tipos de ativo. "Acho que estamos todos aprendendo a lidar com essas incertezas em tempo real e isso vai levar um tempo", diz o especialista da Universidade da Califórnia. Por isso, afirma Timmermann, não será surpresa se o mercado continuar por um bom período sem tendência definida, entre altas e baixas, ou seja, mais volátil. Ele também não acredita que já tenham ficado para trás as últimas perdas causadas pelas hipotecas de alto risco. "Por um tempo considerável ainda vamos ter de lidar com incertezas que vão tornar mais difícil dizer se o mercado vai se mover para cima ou para baixo", analisa Timmermann. "Os efeitos sobre a economia devem se prolongar por 2009 ou até mesmo 2010", prevê o professor.
O mercado de ações dos Estados Unidos vai continuar sofrendo e contagiando os outros do mundo todo, acrescenta Timmermann. Porém, ele acredita que as perspectivas para a economia e para as empresas brasileiras são positivas e que, no fim das contas, apesar do contágio inevitável dos mercados, os fundamentos vão prevalecer. "Mas se deve esperar volatilidade também no Brasil, especialmente nas indústrias que são altamente dependentes dos mercados desenvolvidos", prevê. Por outro lado, o fato de ser um exportador de commodities coloca o Brasil numa posição mais confortável. Timmermann está ficando cada vez mais familiarizado com a economia e as empresas locais e não é apenas porque se casou com uma brasileira. "As companhias brasileiras estão mostrando que sua relevância na economia global está mudando; para os americanos, foi um choque ver a InBev comprar a empresa que faz a Budweiser, a Anheuser Busch", contou ele, rindo. "A empresa conseguiu obter recursos num momento difícil da economia global para essa aquisição."
Mas não é só. O professor diz que a Vale e a Embraer estão cada vez mais nas manchetes das publicações mais importantes de economia dos Estados Unidos e lembrou que a Petrobras também esteve em evidência por conta das descobertas da camada do pré-sal. "Outras empresas que começam a despertar atenção são as agrícolas ligadas ao etanol; há um interesse muito grande pelo assunto", diz. No evento, ele apresentou um trabalho que discute se é possível prever a distribuição de retornos no mercado de ações. "O que eu verifiquei é que é muito difícil prever os retornos médios dos mercados, mas há chances melhores de prever alguns detalhes que estão ligados a esses retornos", diz ele, acrescentando que esse resultado pode ser interessante para estratégias envolvendo opções de compra e de venda. O estudo mostrou ainda que é mais fácil prever altas do que baixas de mercados.

Investidor deve ter cautela e evitar riscos excessivos

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Jornal Valor Econômico
Angelo Pavini,
De São Paulo
25/07/2008
Quem disse que não podia piorar? O Índice Bovespa caindo mais de 3%, de volta aos 57 mil pontos, os juros subindo além do esperado, o dólar em baixa, tudo isso mexe com os nervos do investidor.
A principal orientação para o aplicador é ter cautela. Quem já está com uma parcela grande dos recursos em bolsa deve evitar aumentá-la, apesar da tentação que as quedas de alguns papéis possa trazer. E reforçar a posição em DI. Já quem tem poucas ações, pode começar a olhar as oportunidades que surgiram, mas esperando retorno apenas no longo prazo, talvez para o fim do ano que vem. No dólar, a visão é de que o juro real no Brasil é tão alto que há pouca chance de a moeda americana disparar no médio prazo.
Marco Navarro, diretor de Investimentos do Unibanco Private Bank, está otimista com o mercado brasileiro, mas prevê três meses de muita turbulência à frente. Por isso, recomenda aproveitar a queda para comprar ações, mas apenas para os clientes muito arrojados. "Olhando o longo prazo, papéis como Petrobras e Vale já se tornam atrativas, depois de caírem 35% desde o pico deste ano", diz Navarro.
Já para Ricardo Braga, gerente-geral da Votorantim Corretora, o melhor agora é esperar o mercado americano parar de cair antes de aumentar a exposição em bolsa. "Hoje estamos recomendando não aumentar posições ou procurar papéis bons pagadores de dividendos de primeira linha", diz ele, citando o setor elétrico como exemplo. A percepção é de que o mundo vai crescer menos e isso deve reduzir os preços das commodities, afetando os papéis de primeira linha brasileiros. Com isso, não será surpresa se o Ibovespa recuar para 53 mil pontos no curto prazo. Mas, no médio prazo, a corretora segue otimista com a bolsa, considerando que os países emergentes vão continuar crescendo e consumindo mais commodities.
O mercado está se movendo hoje de olho no valor do dólar no exterior, que influencia os preços das commodities e do petróleo, e nos resultados das empresas americanas, diz Álvaro Bandeira, economista da corretora Ágora. Para Bandeira, há um aumento da aversão global ao risco e o investidor troca ações de emergentes por títulos americanos. E isso afasta os preços das ações de seus fundamentos. Ele acha que o pior já passou, mas a bolsa pode ficar nesses níveis até o último trimestre, quando podem surgir sinais de melhora do quadro econômico mundial. Bandeira considera que algumas boas empresas caíram muito, e quem tem sangue-frio e quer comprar boas empresas pode ter uma chance agora, de adquiri-las progressivamente. "Temos papéis como siderúrgicas, Petrobras, Vale e bancos, que sofreram muito", diz.
Mas se o investidor que está em bolsa está incomodado demais com as perdas recentes, o melhor é vender e aceitar o prejuízo, afirma Luiz Eduardo Santini Mello, diretor do Private Bank do Banco Fator. "É hora de o cliente ver se suas aplicações estão coerentes com seu perfil de risco", diz. Segundo ele, o cenário geral do mercado mudou e o Brasil, que vinha se beneficiando dos preços das commodities, agora sofre com a queda. "E quem estava apostando no curto prazo e foi pego pela queda, o melhor é realizar", diz ele, observando, porém, que se a aplicação for de longo prazo, faz sentido manter.
Mello acha que não é hora de entrar em bolsa, apesar de ver papéis com preços convidativos. "Não dá para saber se isso que estamos vivendo vai parar agora ou é início de processo de baixa maior", afirma o executivo.

Julho frustra aposta em retomada de ofertas na Bovespa

terça-feira, 22 de julho de 2008

(Jornal Valor Econômico)
Graziella Valenti e Ana Paula Ragazzi, de São Paulo
22/07/2008

Está mais difícil do que se imaginava. O apetite do investidor para ações em julho não apresentou a melhora esperada frente ao primeiro semestre do ano. Um prenúncio ruim para o restante de 2008. A única oferta no mês foi a megacaptação da Vale do Rio Doce, de R$ 18,5 bilhões, que, apesar do prestígio da companhia, enfrentou a exigência de elevados descontos pelos investidores. "Ficou claro que o mercado não está receptivo", afirmou André Luiz Fernandes, diretor de relações com investidores da Marítima Seguros, que resolveu postergar definitivamente a abertura de capital, para 2009 ou até 2010. A companhia ainda considerava listar as ações neste ano.


Em julho do ano passado, houve 19 emissões de ações na Bovespa, sendo 16 aberturas de capital. Juntas, essas operações somaram R$ 16 bilhões - ainda assim, volume menor do que o obtido pela Vale do Rio Doce sozinha. Neste ano, nem a correria para antecipar ofertas por conta das férias do Hemisfério Norte - que reduzem a demanda pelos papéis devido à diminuição do ritmo dos negócios - garantiu um aquecimento das captações. Em 2007, foi justamente esse fator, somado à sombra da crise financeira dos Estados Unidos, que estimulou as ofertas.


O deságio sofrido pelas ações da Vale ampliou ainda mais as incertezas quanto às chances de sucesso das empresas que ainda querem fazer oferta. Especialmente, das novatas. A mineradora pretendia em captar até US$ 15 bilhões, mas consegui US$ 11,5 bilhões.


Para as companhias já abertas que querem lançar mais papéis, é possível que haja algum espaço. "O apetite por ações está menor no mundo todo. Mas boas histórias ainda podem conseguir algum êxito", disse Aristides Jannini, diretor do WestLB. Para ele, o desconto da Vale do Rio Doce não deveria desanimar os interessados, pois têm relações com o cenário específico da empresa.


Até mesmo a potencial abertura de capital da Visanet deve ficar para 2009. Trata-se de uma das operações mais aguardadas do ano e com capacidade para se igualar ou ultrapassar os R$ 6,7 bilhões obtidos pela OGX, de Eike Batista.


Ana Carolina de Salles Freire, sócia da Tozzini Freire Advogados, não acredita que o mercado para as ofertas de ações melhore no segundo semestre. "Houve novos eventos, nos Estados Unidos, como as dificuldades enfrentadas por outras empresas de financiamento imobiliário e bancos, que reacenderam as incertezas", diz. "O momento de mercado está péssimo e a liquidez, baixa."


Atualmente, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) existem cinco ofertas em análise, segundo Felipe Claret, superintendente de registro da autarquia. Tivit, Renova Energia e Infinity Bio Energy voltaram a buscar o registro no final do primeiro semestre, quando a aposta predominante era de alguma melhora no humor dos investidores na segunda metade do ano. Nenhuma delas desistiu oficialmente desse projeto até o momento. Rede e Light já são listadas e pretendem colocar mais papéis em circulação na bolsa. Caso não obtenham o registro até dia 29, essas empresas terão que atualizar o material da oferta (prospecto) com os resultados do segundo trimestre.



A falta de apetite do investidor e o cenário de incertezas já levaram 34 empresas a desistir de ofertar ações na praça paulista neste ano. Quatro outras empresas adiaram a análise da operação na CVM.


A Marítima Seguros, que tentou lançar suas ações no ano passado, não chegou a voltar à CVM para buscar um novo registro. Fernandes, diretor de relações com investidores contratado há quatro meses, contou que a empresa deve negociar um aporte de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões com um fundo de participação - ou "private equity"-, que poderia ficar com até um terço do negócio. Caso não feche a transação, a empresa partirá para emissão de dívida no mercado internacional.


Segundo o executivo, a Marítima não desistiu de ir à Bovespa. Porém, não vê vantagem de enfrentar o elevado desconto exigido pelos investidores neste momento. Pensando em retomar a operação, a empresa havia até redesenhado a captação. No lugar de emitir apenas ordinárias no Novo Mercado, optaria pelo Nível 2 para poder listar também preferenciais e, com isso, elevar o volume da captação sem colocar em risco o controle do negócio. Operações de grande porte são imperativo colocado pelos estrangeiros - nada abaixo de US$ 500 milhões interessa.

Sobe ou cai neste pregão? Antes de apostar, atenção às pistas dadas pelo mercado

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Por: Roberto Altenhofen Pires Pereira
23/07/08 - 08h33
InfoMoney
SÃO PAULO - Os momentos que antecedem a abertura da Bolsa geralmente são os de maior ansiedade para os investidores. Com dinheiro em jogo, a expectativa com o primeiro passo de um índice ou uma ação pode determinar o humor e a estratégia a ser adotada ao longo de todo o dia.Mas longe de apostar em um movimento inicial de alta ou baixa, diversas pistas fornecidas pelo próprio mercado devem ser verificadas, justamente para minimizar as possibilidades de erro.A primeira questão é que estas "pistas" se dividem de acordo com seu grau de abrangência. De forma mais simplificada, as ocorrências que determinam os movimentos na Bolsa são ou restritas a um setor em específico ou econômicas, que afetam o índice como um todo.Sendo assim, o investidor deve, antes de tudo, saber qual o movimento que ele busca prever: de uma posição isolada ou da tendência do mercado no dia. Cada questão aponta para um lado.A tendência do índiceUma tendência de alta ou baixa de um índice acionário passa por diversas questões, mas nem por isso é difícil de ser prevista. Geralmente, o que determina o rumo da bolsa no dia são os pontos que mais preocupam os investidores naquele momento. A partir desta premissa, o exemplo atual parece ideal. Os dois fatores que mais preocupam os investidores no momento são: inflação e sistema financeiro internacional. Basta olhar as últimas sessões para reconhecer que se estas referências oferecem sinais mais preocupantes, o dia é de baixa; do contrário, positivo. Em alguns casos, estas referências se confrontam, aí vale a que oferece o indicador ou notícia mais surpreendente.Cuidado com os indicadoresOs 'termômetros' do mercado são fáceis de ser determinados, e os eventos previstos são fáceis de ser encontrados. Com exceção de alguma ocorrência extraordinária, os tópicos que fomentam estas questões estão programados nas agendas de indicadores do dia.Com setor imobiliário no centro das tensões e indicador do segmento aguardado para o meio do dia, o mínimo que se pode esperar é ansiedade e conseqüente indefinição das bolsas até sua divulgação. A Infomoney disponibiliza uma sessão com a agenda de indicadores do dia, bom roteiro do que está programado para o pregão.Índices futurosCom a programação do dia já em mãos, ou investidor pode prever uma reação prévia dos mercados a partir do movimento dos índices futuros. Pelo peso dos investidores estrangeiros sobre a bolsa brasileira, Wall Street pode ser considerado o principal termômetro do Índice Bovespa.Por esta questão, acompanhar a oscilação dos contratos futuros dos principais índices de ações norte-americanos negociados na Chicago Mercantile Exchange pela manhã muitas vezes indica o rumo da bolsa brasileira, assim como o movimento dos índices futuros domésticos negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), cujas operações têm início antes da abertura da Bovespa.Qualquer mercado que já opera pode oferecer informação valiosa, como as bolsas asiáticas e européias. Pela diferença de horário, muitas vezes os fatores que influenciam estes mercados podem ser apenas ajuste ao dia anterior, mas também podem relacionar o impacto de alguma ocorrência abrangente, cujo reflexo se estenda à bolsa brasileira. É preciso avaliar o timing exato desta reação.Blue chips também essenciaisAlém da referência externa, o caso específico do Ibovespa ainda é marcado pela dependência da variação dos ativos de Vale e Petrobras. Juntas, estas ações respondem por mais de 30% do cálculo do índice.Os drivers envolvidos nestes dois papéis também podem, portanto, determinar a alta ou baixa do Ibovespa no dia. Uma dica: como as duas empresas são ligadas ao mercado de commodities, movimentos de alta ou baixa no preço das matérias-primas geralmente pressionam ou impulsionam estes papéis.Aposta em ação específicaMas quando a necessidade do investidor é "prever" o movimento de uma ação isolada, o caminho pode ser outro. Como alguns catalisadores abrangem a bolsa como um todo, outros afetam setores isolados.É aí que entra o noticiário corporativo. O problema é que as referências anunciadas, na maioria das vezes, não estão programadas antecipadamente, o que torna esta previsão mais difícil. Apesar de possíveis "surpresas" que podem chegar ao longo do dia, alguns pontos podem ser verificados. Atualmente, o momento é de entrada na famosa temporada de resultados. A divulgação dos balanços fornece ótima referência da situação financeira e desempenho operacional das companhias, e costuma mexer com as ações. Resultados e históricoAtenção com a temporada de resultados é essencial, uma vez que mesmo quando não se trata da empresa em questão, a divulgação dos dados de uma rival dá grande idéia do que estar por vir para a companhia focada. Em geral, afeta o setor como um todo, e pode afetar outros segmentos da bolsa, no caso de setores de alguma maneira relacionados, como exemplo, mineração e siderurgia.A partir daí, a Infomoney também disponibiliza uma sessão específica, com o cronograma dos resultados a serem apresentados.Se além de acompanhar o ativo o investidor visa firmar uma posição, de compra ou venda, outra referência importante é o histórico recente do papel em questão. Remete à máxima: comprar na alta e vender na baixa.

A mente do mercado

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Os gráficos estão certos. Um preço alcançado por uma ação ou pelo Ibovespa em determinado momento no passado influencia as cotações futuras. Tal essência, defendida pela análise técnica há pelo menos oito décadas, agora encontra abordagens científicas no campo das finanças comportamentais. No Brasil, o tema foi objeto de estudo do economista Bernardo Fonseca Nunes, em dissertação de mestrado apresentada no mês passado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). A pesquisa, que pretendia evidenciar as vantagens da gestão ativa de portfólios levando-se em conta os fatores que direcionam o comportamento do investidor, será divulgada no encontro da International Association for Research in Economic Psychology (Iarep), em Roma, em setembro."Os padrões gráficos alteram nossa visão sobre comportamentos futuros, os argumentos dos grafistas são basicamente psicológicos", diz Nunes. No seu trabalho, o pesquisador replicou um experimento realizado em 2003 por Mussweiller e Schneller, com 34 estudantes de graduação de economia e negócios da Universidade de Würzburg, na Alemanha. No Brasil, o público alvo foi composto pela faixa etária da população que mais cresce no home broker, entre 15 e 30 anos, e que tem plena afinidade com todo o instrumental da análise técnica.Foram selecionados 47 alunos de graduação em economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e divididos em dois grupos. Na média, eles tinham uma vivência de 3,32 meses em acompanhamento do mercado de capitais, seja na prática profissional, seja como investidores. Cada um das equipes recebeu textos, dados de balanço e indicadores de duas companhias fictícias do setor de varejo, além de gráficos com diferentes padrões. A primeira turma recebeu relatórios das empresas 1 e 2, com gráficos ressaltando a alta (alta saliente) e a baixa (baixa saliente), respectivamente. A outra, recebeu os mesmos relatórios, mas com inversão dos padrões gráficos, de baixa saliente para a empresa 1 e de alta saliente para a 2.De posse desses dados, os participantes tiveram de estimar um preço alvo para as duas companhias analisadas para os próximos 12 meses, como se estivessem orientando um amigo. Todos os gráficos partiam de um valor de R$ 100,00 para cada ação, chegando a R$ 120,00 no tempo presente (outubro de 2007, no caso). No meio do caminho, os gráficos com altas salientes levaram os papéis para R$ 180,00, enquanto nos de baixas salientes, as cotações caíram a R$ 20,00 antes de dar a mesma rentabilidade final, de 20%.O resultado foi que o valor médio projetado para as ações que tiveram picos de valorização foi de R$ 132,27, 18% superior aos R$ 112,41 estimados para os papéis com gráficos de baixa relevante. Nunes ressalta que os testes estatísticos, que levam em conta o chamado desvio padrão da amostra (oscilação), confirmaram essa diferença.Embora os gráficos não sejam instrumentos utilizados para se estimar preços de ações, a memória coletiva está registrada neles na forma de suportes (pisos, que podem desencadear compras) e resistências (tetos, que podem chamar vendas), diz o analista técnico da Link Investimentos, Márcio Noronha. "Os gráficos mostram um consenso de valor de todos os participantes do mercado", afirma. "Quando uma ação atinge determinada resistência e o investidor sabe que no passado o preço não foi além daquele nível, ele vende o papel, a relação risco/recompensa é favorável."No trabalho de Nunes, foi a análise técnica o alvo da verificação, mas o pesquisador não deixou de considerar a análise fundamentalista, também do ponto de vista comportamental. Os profissionais que se debruçam sobre os balanços das empresas para descobrir qual o preço justo para uma ação pelo método de fluxo de caixa descontado tentam antecipar algo que, em tese, o mercado inteiro vai descobrir lá na frente. De nada adianta, porém, ele ter uma visão isolada sobre a atratividade daquele papel se os seus pares ou outros participantes não formarem um consenso a respeito. "A estratégia ótima para o gestor de investimento tem de contemplar os vieses comportamentais dos demais, ele tem de dar resposta a determinados movimentos de mercado", enfatiza o economista.Tanto como qualquer outro tipo de informação econômica que esteja estampada nas manchetes dos jornais, as análises podem influenciar os investidores, gerando comportamentos de manada, bolhas ou crashs, diz a psicanalista Vera Rita de Mello Ferreira, consultora na área psico-econômica e representante da Iarep no Brasil. "As análises podem ter influência no sentido da ancoragem", afirma. "As pessoas ficam presas a determinados valores numéricos e, mesmo que eles nunca tenham sido relevantes, acabam servindo de referência para a tomada de decisões."Nunes lembra o estrago recente que o rebaixamento dos preços da Laep e da Dufry Brasil, pelo UBS Pactual, teve sobre o desempenho das duas ações.A maior parte dos investidores tem a chamada visão pelo retrovisor - olhar o movimento do mercado no passado, imaginando que o mesmo irá acontecer no futuro -, que, em muitos momentos, se mostra como uma estratégia equivocada, lembra o estrategista do Santander, Marcelo Audi. "O consenso muitas vezes está errado e é nessas horas que surgem as boas oportunidades do mercado, pois é quando ocorrem as distorções de preços", afirma.No fim do ano passado, por exemplo, quando o Índice Bovespa estavam em 64 mil pontos e em franca valorização dia após dia, começaram a surgir alguns indícios de que haveria um desaquecimento da economia tanto local quanto mundial. No entanto, a maioria dos investidores e dos profissionais de mercado ignorou tais sinais e preferiu olhar para o retrovisor, encontrando nele um passado muito cor-de-rosa, com cinco anos consecutivos de alta da bolsa brasileira."Os poucos que perceberam que os fundamentos das economias estavam se deteriorando encontraram uma oportunidade de investimento: venderam as ações quando o Ibovespa estava em 64 mil pontos e se livraram de toda a queda que o índice sofreu desde então", argumenta Audi. Ele acredita que as pessoas olham o passado e têm dificuldade de perceber que a situação no futuro pode ser diferente por uma questão de inércia de comportamento.Se na hora de definir o cenário futuro estar contra o consenso pode ser uma oportunidade, no momento seguinte o consenso precisa convergir para a opinião do investidor. Só assim o que ele previu (uma queda ou uma alta do mercado) de fato irá se concretizar, completa Audi.

Pânico a uns, oportunidade a outros: reação à crise separa grande e pequeno investidor

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Por: Roberto Altenhofen Pires Pereira
11/07/08 - 10h00
InfoMoney
SÃO PAULO - O movimento recente dos mercados evidencia diferenças inegáveis entre o pequeno e o grande investidor. O ciclo negativo que tomou conta das bolsas a partir do começo de junho não deixou marcas apenas sobre os índices acionários, mas afetou profundamente o comportamento de todos os 'atores' de um mercado, sejam eles coadjuvantes ou protagonistas.Para facilitar o entendimento, basta analisar o volume de negócios na Bolsa de Valores de São Paulo. Do começo da derrocada até a breve retomada da quinta-feira (10), é evidente a redução na média diária movimentada pela bolsa paulista. Os investidores estrangeiros fogem para cobrir suas perdas lá fora, enquanto a amplitude dos riscos e o capital limitado interferem na atuação do pequeno investidor doméstico.Mas as maiores histórias de sucesso na bolsa vem exatamente destes momentos. É na capacidade de administração da crise que as fortunas começam e os famosos 'mega-investidores' se consagram. Lembra a máxima: comprar na baixa e vender na alta.Destas considerações pode-se afirmar que o período de pânico para alguns é de oportunidades para outros. Mas com certeza do lado do pânico que fica a grande maioria. Como o pequeno investidor, que manteve posições ao longo desta derrocada e viu suas aplicações "derreterem" na espera pela recuperação, vai se beneficiar da crise?Pânico para uns...Antes de tentar responder o que é praticamente irrespondível, vale destacar o movimento da quinta-feira. A sessão ilustra muito bem este retrato, e ainda levanta outras verdades. Um movimento de quedas consecutivas é o ponto ideal para se entrar no mercado, mas ainda assim fica muito difícil de avaliar a hora certa de montar posições, exatamente porque falamos de um momento de incertezas. Caiu bastante, mas pode cair ainda mais.Entre este impasse, o volume de negócios vai sendo penalizado, a liquidez diminuindo, a baixa ganhando força e o risco a cada dia fica maior. Warren Buffett ficou tão conhecido por isso. O mega-investidor norte-americano é especialista nos momentos de incerteza; aproveita como ninguém uma tendência de baixa dos mercados. ...oportunidade para outrosCom os índices de Wall Street beirando o "Bear Market", Buffett entrou em cena e mostrou que a despeito do pequeno investidor, os grandes da bolsa trabalham mais nos piores momentos. Em um mercado morno e novamente em tendência declinante, o mega-investidor ajudou, através de sua holding Berkshire Hathaway, na aquisição da petroquímica Rohm & Haas pela Dow Chemical, com ágio de mais de 70% sobre a cotação anterior das ações.A notícia deu fôlego extra e ajudou em grande parte o fechamento positivo dos índices acionários. Não que esta medida aponte que chegou o momento exato de 'entrar' no mercado, mas deixa claro que Buffett acredita na recuperação; e ele não costuma errar.Lembrando as lições básicasMas isto não soluciona o problema do pequeno investidor ou responde a questão deixada em aberto. Como garimpar oportunidades se seus recursos foram deteriorados pela derrocada recente?O que resta para o pequeno investidor são as lições deixadas pela bolsa neste episódio. Além da aposta certeira, apontada depois de muito embasamento teórico e busca de informações, a dinâmica dos mercados exige grande atenção com o "timing" das operações.A utilização da ferramenta de stop loss pode ser crucial neste momento, pois pode evitar todo o "derretimento" do capital e limitação dos recursos citados anteriormente. Além do stop, atenção às informações diárias e conhecimento do risco da renda variável são passos de iniciante muitas vezes esquecidos diante de uma oportunidade irrecusável, ou aparentemente irrecusável, oferecida pela Bolsa.

Enxergar os rumos do mercado está mais e mais difícil

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Por: Rodolfo Cirne Amstalden
11/07/08 -
14h00-InfoMoney

SÃO PAULO - A preocupação do analista é determinar, pelo método que preferir, para onde caminha o mercado. Ou melhor, com mais rigor, qual trajetória está associada à probabilidade dominante. Não é tarefa fácil. Embora as ferramentas de projeção tenham evoluído, a dinâmica real parece sempre à frente, com altos graus de alavancagem, ativos inovadores e bolhas estourando vez ou outra.A maioria se dá por vencida e escolhe a acomodação. Mais e mais de análise técnica, fundamentalista, interpretações sobre a política fiscal e monetária de cada país. Já Vineer Bhansali, diretor da Pimco, prefere investigar bagagens teóricas heterodoxas. Se o tradicional não funciona tão bem, vale apostar em uma mudança de paradigma.O cíclico e o secularSegundo Vineer, os investidores gostam de separar sua visão do mundo por duas classificações: o cíclico e o secular. O que é cíclico dura de meses a anos. O que é secular dura de anos a décadas. Sistematização tão simples quanto útil, mas que parece em xeque agora, quando a divisão ente o cíclico e o secular fica mais e mais difusa.Sintoma de uma transição de fases no mercado, em que o foco deve estar na identificação das tendências em formação e nas mudanças bruscas de preço, para baixo ou para cima. Conforme explica o diretor da Pimco, à medida que as séries cíclicas ganham amplitudes maiores, nascem as grandes tendências, indicando a busca por novos padrões de convergência."Dentro deste ambiente, fundos que se pautam em movimentos macro tendem a obter um desempenho melhor", avalia Vineer. E as flutuações de preço figuram como bom indicativo para o retorno dos ativos. Por outro lado, análises baseadas em valuation relativo e em fundamentos perdem sentido, já que os mercados mostram disposição para overshooting, de alta ou de baixa.Fora da caixaDada a confusão entre intervalos cíclicos e seculares, o tradicional desafio de estimar o mercado fica ainda mais complicado. Existem muitos métodos de projeção em economia e finanças, mas nenhum nos garante o futuro de maneira precisa, alerta Vineer. Assim, "é melhor pensar fora da caixa".Para o diretor da Pimco, a análise fundamentalista é um exemplo corrente de caixa. Pensar fora dela pode trazer retornos acima da média neste momento. Uma compensação por desprender-se dos hábitos.

Petrobras deve explorar reservas do pré-sal, defendem especialistas do setor

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sabrina Craide Repórter da Agência Brasil


Brasília - A idéia de criar uma empresa estatal para administrar a exploração das novas reservas de petróleo encontradas no Brasil, apresentada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, é vista com desconfiança por especialistas do setor. Eles defendem que, em vez de uma nova estrutura, o governo deveria deixar essa atividade sob responsabilidade da Petrobras.
“Você não pode pegar o sucesso de uma empresa como a Petrobras, obtido com garra, tecnologia, muita pesquisa e muito estudo e passar para outra empresa”, defende Giuseppe Bacoccoli, que é pesquisador do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ele conta que estranhou a proposta do ministro, pois o país já tem uma estatal de petróleo com experiência e prestígio internacional. “O pré-sal é resultado de uma campanha de exploração da Petrobras, e ela merece e sabe lidar com isso”, diz Bacoccoli. O pesquisador também afirma que o governo já tributa pesadamente a produção de petróleo e gás do subsolo brasileiro.
Para defender a idéia de que a Petrobras deve ficar à frente da exploração das reservas da camada pré-sal, ele lembra as dificuldades técnicas da operação. “Não estamos falando de uma coisa trivial, estamos falando em perfurar poços de mais de mais de seis quilômetros de profundidade, em águas acima de 2 mil metros de profundidade, atravessar uma camada de sal com mais de 2 quilômetros de espessura. Não é qualquer um que faz isso”, afirma.
O diretor cientifico da Fundação Brasileira de Direito Econômico, Wladmir Coelho, diz que a Petrobras deve ser fortalecida para assumir o controle da exploração de petróleo no pré-sal. Ele lembra que o mercado é extremamente oligopolizado, pois são poucas empresas que têm condições de explorar o petróleo, e teme que a nova empresa já nasça enfraquecida, apenas com a função de administrar a exploração. “Essa estatal vai apenas administrar, quem vai tirar o lucro é a empresa que vai explorar o petróleo. Na prática, vamos entregar o petróleo às empresas transnacionais”, diz.
Para o diretor da Associação de Engenheiros da Petrobras, Ruy Gesteira, não há motivo para criar uma empresa, porque a Petrobras já faz esse trabalho com competência. “Não vejo porque criar uma nova companhia, acho mais acertado deixar com a Petrobras”, diz. Ele afirma também que a nova empresa teria que contratar novos profissionais, e existe uma grande deficiência de mão-de-obra especializada no mercado brasileiro. “Isso demanda muito tempo de treinamento e os funcionários da Petrobras já conhecem o processo”, afirma.
No máximo em 60 dias, Lobão deve apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a proposta de criação da empresa estatal para administrar a exploração dos campos de petróleo da camada pré-sal. Segundo ele, a empresa cuidaria apenas da parte administrativa, valendo-se de outras exploradoras de petróleo como prestadoras de serviços.

Bolsa de Nova York entra em "bear market"

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Depois de passar os últimos pregões rondando o "bear market", o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, entrou oficialmente no território que marca queda de ao menos 20% desde o seu pico histórico. A Nasdaq, que reúne empresas de alta tecnologia, também já caiu mais de 20% desde o seu nível máximo.Com a queda de 1,46% de ontem, o índice formado pelas 30 principais companhias americanas já se desvalorizou em 20,82% desde 9 de outubro do ano passado, quando atingiu o seu nível máximo. O Dow Jones fechou ontem a 11.215,51 pontos (menor nível desde 14 agosto de 2006) e há analistas que estimam que ele terminará o ano em 10 mil pontos. No ano, ele acumula perdas de 15,45%.A Nasdaq caiu 2,32% ontem e já retrocedeu 21,25% desde o seu maior nível, em 31 de outubro do ano passado. O S&P 500 (mais amplo, reúne 500 companhias) também está próximo do "bear market": teve queda de 19,4% desde o seu pico, em 9 de outubro de 2007. Ontem, ele se desvalorizou em 1,82%.A queda de ontem foi atribuída principalmente ao relatório do Merrill Lynch que não descartou que a GM entre em concordata; à alta do preço do petróleo e às preocupações com o mercado de trabalho americano e com o possível corte de juros do Banco Central Europeu.O petróleo também contribuiu para o dia ruim do mercado, subindo quase 2% e se aproximando dos US$ 144.Hoje serão divulgados os dados de emprego nos EUA e a decisão sobre os juros nos 15 países que usam o euro como moeda. A expectativa é que a entidade eleve a taxa, aumentando o valor do euro ante o dólar.A previsão é a de que os dados de desemprego do mês passado sejam ruins -a consultoria ADP estima que o setor privado tenha cortado 79 mil postos de trabalho em junho. Nos cinco primeiros meses do ano, o mercado (incluindo o setor público) cortou 324 mil vagas e a taxa de desemprego chegou a 5,5% em maio, seu maior nível desde junho de 2004.JapãoO índice Nikkei 225, o principal da Bolsa de Tóquio, caiu ontem pelo décimo dia seguido, na sua maior seqüência de quedas em 43 anos. Nesse período, ele se desvalorizou em 8,1% -ontem, ele retrocedeu 1,3%.Apesar da desvalorização nos últimos dias, a Bolsa de Tóquio não está entre as que mais perderam neste ano. Ela acumula queda de cerca de 13%. Xangai já perdeu quase 50%, e Frankfurt e Paris, mais de 20%.

Ibov: O número da sorte (ou azar) é 58 mil


O mercado, que já tinha acendido a luz amarela com as quedas de junho, com a despencada de ontem acendeu a vermelha que, entre outras coisas, significa que os investidores estão muito preocupados com o que irá acontecer. O Índice Bovespa fechou ontem em queda de 3,61%, aos 61.106 pontos, o menor nível desde 31 de março, quando fechou aos 60.968 pontos. Na parte de fundamentos, já se sabe que a crise do setor imobiliário americano, a inflação crescente e o processo de aperto monetário no mundo contribuem para um momento complicado para o mercado. Já a análise técnica - que se baseia nos movimentos passados dos gráficos para definir o que pode acontecer no futuro - aponta que, nas últimas semanas, o Ibovespa rompeu vários suportes (pontos que no gráfico o índice tem mais dificuldade de cair e que poderia desencadear um movimento de compra). Pelo andar da carruagem, o Ibovespa aos 58 mil pontos é o nível mais importante e que irá definir o destino da bolsa. Se o índice chegar a essa pontuação e cair abaixo dela, isso deve significar o fim de um longo período de valorização da Bovespa, que começou em outubro de 2002, depois de o Ibovespa chegar ao fundo do poço, aos 8.224 pontos. Se isso acontecer, o mercado entrará num longo ciclo de vacas magras, que pode durar anos, assim como foi com a alta.No entanto, não é isso que os analistas técnicos ouvidos pelo Valor acreditam que possa ocorrer. Para o grafista da Itaú Corretora, Márcio Lacerda, o Ibovespa deve encostar nos 58 mil pontos e tomar impulso suficiente para buscar os 82 mil pontos, que seria o novo objetivo do índice, um recorde histórico e um nível de resistência - ponto que no gráfico o indicador tem mais dificuldade de subir e que poderia provocar um movimento mais forte de venda. "Quando o mercado entra em pânico, como está agora, é sinal de que há os últimos vendedores e que, portanto, as ações estão muito próximas de uma virada", diz Lacerda. Antes desses 58 mil decisivos e do retorno das valorizações, o Ibovespa ainda deve testar dois outros suportes importantes: um aos 61 mil pontos, o que está bastante próximo, e o outro aos 59.400 pontos.Segundo o analista técnico da Ativa Corretora, Rubens Góes, o Ibovespa abandonou um canal de alta de curto prazo em 20 de junho, quando fechou aos 64.600 pontos, abaixo do suporte de curto prazo que era aos 65.500 pontos. Neste momento, o próximo suporte de curto prazo é aos 60 mil pontos e, depois, aos 58 mil pontos. Se o índice furar esses dois níveis, deve ir buscar os 56 mil pontos, que também é o suporte da tendência de alta de longo prazo, que começou em outubro de 2002. "Se o Ibovespa terminar este mês abaixo dos 56 mil pontos, significa que a bolsa entrou num longo ciclo de baixa", diz Góes. No caso de esse cenário se concretizar, um dos primeiros suportes do indicador seria na casa dos 53 mil pontos, para o qual ele caminharia, portanto. Assim como o analista técnico da Itaú, Góes não acredita que a bolsa está prestes a mergulhar num extenso período de desvalorizações e seus argumentos moram no terreno fundamentalista, até para provar que esse tipo de profissional não se atém apenas ao mundo dos gráficos. "O Brasil continua crescendo e economias como a China ainda devem demandar muita commodity de países produtores, como é o nosso."O recorde de operações a termo em 23 de junho, de R$ 7,4 bilhões, enquanto o fluxo de saída dos estrangeiros na Bovespa chegou a R$ 7,4 bilhões no mês de junho já era um prenúncio de que as vendas ganhariam força, diz o analista técnico da Link Investimentos, Márcio Noronha, segundo apurou a repórter Adriana Cotias. No ano, o saldo está negativo em R$ 6,657 bilhões, "Eram as ações saindo da mão forte (estrangeiro) para a mão fraca, a pessoa física, 'comprada' (apostando na alta), e que estava operando de forma alavancada, acima do seu patrimônio ", afirma. Noronha também acredita que, após ter passado a barreira dos 61.200 pontos ontem, o Ibovespa vai buscar agora os 58 mil pontos. Ele lembra que em todos os ciclos de altas anteriores ocorridos de 1990 para cá, em nenhuma das quatro correções observadas os mercados deixaram de corrigir menos do que 57%. Se tiver comportamento similar e realmente estiver terminando o ciclo de alta atual - que foi de outubro de 2002, até o pico de 74 mil mil pós-grau de investimento -, o índice pode voltar à casa dos 30 mil pontos em dois ou três anos. "Pela análise técnica é uma possibilidade, mas bolsa não tem dono."A luz vermelha também se acendeu no mercado americano. O fechamento de ontem do Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, representa uma queda de 20% ante sua máxima em outubro do ano passado. Historicamente, um mercado que cai 20% da sua máxima já é considerado "bear market" (mercado de baixa). No Brasil, o Ibovespa já caiu 17% desde a sua máxima de 73.920 pontos durante o pregão de 29 de maio. No entanto, se a bolsa hoje repetir o mesmo desempenho lastimável de ontem, o urso também sairá da hibernação no Brasil.

Aversão ao risco traz jogo de rouba monte

terça-feira, 24 de junho de 2008


Diante de todas as incertezas com relação ao rumo das commodities, da inflação e da taxa de juros no mundo, o investidor está quieto à espera de novos dados que possam dar alguma luz do que poderá acontecer com esses três elementos e, consequentemente, com a economia mundial. Uma parte dessa luz, ou pelo menos um filete dela, pode aparecer amanhã, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decide o que fará com a taxa de juros do país. Internamente, no mesmo dia, há a apresentação do relatório trimestral de inflação do Banco Central. Esses dois fatos devem dar uma boa idéia para onde irão as taxas de juros dos EUA e do Brasil, sendo que esta última já está em processo de alta.Nesse clima de compasso de espera, os investidores estão totalmente avessos ao risco, levando o mercado a ficar em estado de letargia. Essa é a melhor palavra para definir o mercado ontem. O Índice Bovespa oscilou o dia inteiro sem rumo, encerrando o pregão com uma mísera alta de 0,04%, aos 64.640 pontos. O volume financeiro de R$ 4 bilhões também é um excelente sinal de que, com o cenário bastante nebuloso, o investidor resolveu ficar imóvel, pois qualquer atitude hoje pode representar perdas amanhã, caso a situação se defina de forma desfavorável. Nos últimos meses, o volume médio diário da Bovespa tem oscilado entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7 bilhões."O mercado está brincando de rouba monte", diz o estrategista de renda variável para pessoa física da Itaú Corretora, Flávio Conde. "Como não há fluxo novo de recursos, o investidor vende a ação X para comprar a Y e, no dia seguinte, vende a Y para recomprar a X", explica Conde. Ele acredita que o mercado ficará nesse ostracismo enquanto não houver uma definição sobre o destino da política monetária americana e até onde irá a sanha inflacionária brasileira.Nesse jogo de rouba monte, o investidor estrangeiro, no entanto, não está para brincadeira. Por isso, tem aproveitado para vender suas ações e voltar para ativos considerados sem risco, como os títulos do Tesouro americano. No mês, até o dia 18, o saldo líquido (diferença entre compras e vendas) de estrangeiros na Bovespa está negativo em R$ 6,4 bilhões, uma senhora debandada.As projeções dos economistas de grandes bancos internacionais estão contribuindo para esse momento de aversão ao risco. O estrategista de ações da Merrill Lynch, Brian Belski, disse em relatório que o pior ainda está por vir tanto na economia americana quanto no mercado de ações. Esses alertas beiram, inclusive, pedidos de desculpas de quem se mostrou otimista demais nos últimos tempos. O analista do banco Goldman Sachs, David J. Kostin, que em maio recomendou a compra de ações de bancos, disse ontem que a análise se baseava em premissas erradas e que, portanto, o investidor deve reduzir sua exposição em papéis desse setor. Para o diretor de tesouraria de um banco, a conclusão desse fato é preocupante. "A hora que os profissionais de mercado, que, em tese, sabem mais do que os investidores, começam a se mostrar perdidos, é porque a coisa de fato está ficando feia", diz.O dia na Bovespa só não foi pior porque as ações das gigantes Petrobras e Vale seguraram as pontas. As ordinárias (ON, com direito a voto) da petrolífera subiram 1,92% e as preferenciais (PN, sem voto), 1,76%. Já as ONs da mineradora se valorizaram 1,87% e as PNs série A, 1,60%. Para o gestor de renda variável da Infinity Asset Management, George Sanders, essa concentração é preocupante porque os investidores podem estar fazendo operações que consistem na compra desses dois ativos e na venda de contratos de Ibovespa futuro, na Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F). "Essa compra pode não ser pelos bons fundamentos dessas companhias, portanto, podem virar venda do dia para a noite, apimentando o movimento de baixa do mercado", diz Sanders.Divergência de opiniõesAs ações ON da Agra subiram 31,78% só ontem, com a compra da companhia pela Cyrela. Já as ONs da própria Cyrela caíram 2,49%. Entre os analistas, há divergências se esse negócio é realmente tão "da China" assim para a Agra. Em relatório, o analista da Unibanco Corretora Vladimir Pinto afirma que o negócio é muito desapontador para a Agra. A relação de troca - 0,425 ação da Cyrela para cada ação da Agra -, significa R$ 9,54 para cada papel da Agra, próximo ao preço que era negociado em março e muito abaixo de sua cotação máxima de R$ 16,89. O analista lembra ainda que a operação irá reduzir o potencial de valorização das ações da Agra, que era de R$ 18 para dezembro deste ano. Já para os analistas da Link Investimentos, o prêmio de cerca de 48% sobre as últimas cotações do papel em bolsa é um excelente negócio aos acionistas da Agra, especialmente para aqueles que compraram a ação recentemente.